Com a manutenção do salário de R$ 41.845,80, a prefeita de Campo Grande, Adriane Lopes (PP), passa a ter o maior salário entre os 5,5 mil prefeitos do País e supera os chefes do Executivo de todas as Capitais. Como 446 funcionários recebem supersalários e vão ter reajuste de 96%, o impacto apenas neste mês será de R$ 9,179 milhões na folha de pagamento do município.
O reajuste de 96,7% foi aprovado pela Câmara Municipal em fevereiro de 2023 e entrou em vigor neste mês. Somente no dia 15 de janeiro deste ano, dois anos após aprovação e a repercussão negativa, Adriane recorreu à Justiça para suspender o aumento porque não houve estimativa do impacto no orçamento, como determina a Constituição.
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No entanto, o desembargador Odemilson Roberto Castro Fassa, relator da Ação Direta de Inconstitucionalidade no TJMS, indeferiu o pedido de liminar e vai ouvir o vereador Papy, presidente da Câmara Municipal, e o Ministério Público Estadual, antes de voltar a analisar o pedido.
Com o processo parado na Justiça, a prefeita passa a ganhar o maior salário do País. Adriane inclusive vai receber subsídio maior que o valor pago a 26 dos 27 governadores brasileiros. O governador Eduardo Riedel (PSDB) ganha R$ 35.462 para comandar um orçamento quatro vezes maior e 79 cidades.
Os marajás
O salário da atual vice-prefeita, Camila do Nascimento Oliveira (PP), terá reajuste de 136%, de R$ 15.947,03 para R$ 37.658,61, enquanto os dos secretários municipais vão ter o subsídio corrigido em 206%, de R$ 11.619,70 para R$ 35.567,50.
Na prática, a prefeita, a vice e os secretários vão ganhar mais que o governador de Mato Grosso do Sul. A lista de marajás ainda vai incluir mais 446 servidores que recebem o teto do funcionalismo municipal e vão ter o salário elevado em 96,7%.
O impacto mensal na folha de pagamento será de R$ 9,179 milhões. Por ano, o aumento vai elevar o gasto com pessoal em R$ 110 milhões. Em quatro anos, a conta chegará a R$ 440 milhões.
A farra ocorre em meio a crise financeira da prefeitura, que não cumpre ordens judiciais para comprar fraldas e alimentos para crianças com deficiências, uma guerra das mães atípicas, e até o pagamento de adicionais, como o de insalubridade para a enfermagem e periculosidade para os guardas municipais.