Os principais caciques do Congresso Nacional agiram para impedir o lançamento de uma candidatura feminina competitiva e inviabilizaram os nomes das senadoras Soraya Thronicke (Podemos) e de Tereza Cristina (PP) à presidência do Senado. A revelação é do portal Uol, que mostrou os bastidores para isolar a senadora sul-mato-grossense, a única que permaneceu até o final na disputa.
Inicialmente, as mulheres – inclusive a senadora Eliziane Gama (PSD), do Maranhão – firmaram um pacto de que declinariam na reta final em favor da candidata com mais apoio na reta final. A derrocada do trio começou com a ofensiva do presidente nacional do Progressistas, Ciro Nogueira, do Piauí, e do ex-presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD), de Minas Gerais.
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Ciro fechou com o senador do Amapá, Davi Alcolumbre (União Brasil), eleito presidente do Senado, e impediu o lançamento até da pré-candidatura de Tereza Cristina. A ex-ministra da Agricultura de Jair Bolsonaro seria a representante da direita, enquanto Eliziane seria da centro-esquerda e Soraya, independente.
A candidatura da maranhense foi barrada por Pacheco e pelo presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab. O secretário de Governo de Tarcísio de Freitas (Republicanos) não referendou e ainda oficializou o apoio a Davi Alcolumbre.
Caso o PSD apoiasse Eliziane Gama, ela teria o apoio de 30 parlamentares, sendo 15 do seu partido e 15 da bancada feminina.
Soraya teve o apoio até o fim da presidente nacional do Podemos, Renata Abreu. No entanto, os senadores do partido não seguiram a dirigente e nenhum declarou voto na senadora de MS. Marcos do Val chegou a ser lançar candidato e três oficializaram apoio a Davi Alcolumbre.
Soraya só desistiu após discursar como candidata a presidente do Senado. “Aqui (o machismo) é pior que na sociedade. Não tem sensibiliza às mulheres. Zero”, lamentou Soraya.
Na história do Senado, Simone Tebet (MDB) foi a única mulher a disputar a presidência do Senado e obteve 21 votos contra Rodrigo Pacheco.