Crianças atingidas pela Síndrome Congênita do Zika, que ficou conhecida no Brasil também por Zica Vírus, têm maiores chances de morrer por doenças diversas, além de permanecerem longos períodos em internação. Essas são conclusões de pesquisa divulgada na última semana pela Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz). Conforme o estudo, crianças diagnosticadas com a síndrome têm 57 vezes mais chances de morrer de doenças do sistema nervoso, 30 vezes mais para doenças respiratórias e 28 vezes mais para doenças infecciosas.
Hoje, a primeira geração de crianças cujas mães foram infectadas pela síndrome já têm dez anos. A principal sequela da doença é a microcefalia e, das crianças atingidas, poucas ultrapassaram o primeiro ano de vida. De acordo com a Fiocruz, a síndrome compromete o tamanho da cabeça e a formação de neurônios. Dessa maneira, as pessoas diagnosticadas ficam mais vulneráveis a complicações graves, doenças combinadas e períodos de internação longos. As conclusões constam na pesquisa do Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para Saúde (Cidacs/Fiocruz Bahia), e que foi publicada no International Journal of Infectious Disease.
A Síndrome Congênita do Zika se manifesta de maneira mais agressiva em países pobres e em populações desiguais. A Fiocruz aponta que, somente no Brasil, a doença acumula 20 mil casos suspeitos. Uma parte deles tem identidade comum: são filhos de mães que moram em regiões quentes e com alta circulação de mosquitos. A infecção ocorre durante a gravidez pelo Vírus Zika, transmitido às mulheres grávidas pelo mesmo vetor da dengue, o Aedes aegypti.
O estudo conduzido pela Fiocruz comparou 2 mil casos de crianças com síndrome com quase 2,6 milhões de casos de crianças sem o diagnóstico. A equipe de pesquisadores avaliou as taxas de admissões, seus principais motivos e a duração das hospitalizações durante os primeiros quatro anos de vida.
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Síndrome Congênita do Zika agrava hospitalização
A principal conclusão do estudo indica que crianças com Síndrome Congênita do Zika apresentaram taxas de hospitalização entre 3 e 7 vezes maiores do que crianças sem o problema. Para além de frequentarem mais o hospital, esses pacientes também permanecem mais tempo. Diante do quadro de instabilidade na saúde das crianças, as famílias também são penalizadas, tendo que comprometer até 40% da renda anual nos cuidados com os pequenos.
A partir dos achados, a Fiocruz defende a elaboração de um plano de atenção específico para pacientes e famílias, além do reforço no investimento em pesquisas para a vacina contra a síndrome.
Prevenção é fundamental para evitar infecções
A Síndrome Congênita do Zika é transmitida principalmente pelo mosquito Aedes aegypti, permanecendo no topo das preocupações de saúde pública, especialmente em países tropicais como o Brasil. Desde o surto que ganhou destaque em 2015, associado a casos de microcefalia em bebês e outras complicações neurológicas, como a síndrome de Guillain-Barré, a importância da prevenção se tornou ainda mais evidente.
A principal forma de transmissão do Zika Vírus é pela picada do mosquito Aedes aegypti, que também é vetor de outras doenças, como dengue e chikungunya. Além disso, o vírus pode ser transmitido por via sexual, de mãe para filho durante a gestação, e, em casos raros, por transfusão de sangue.
Cuidados durante a gravidez
Gestantes devem ter atenção redobrada para evitar a infecção pelo Zika Vírus. Além das medidas de proteção individuais, é importante realizar acompanhamento médico regular e informar-se sobre áreas com maior incidência de casos.