O Pantanal teve 2,6 milhões de hectares queimados em 2024, cerca de 17% da área total do bioma, que é estimada em aproximadamente 15 milhões de hectares. O número é quase três vezes maior do que o registrado em 2023, quando atingiu cerca de 0,9 milhões de hectares.
Os dados são do Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais, da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro). Na série histórica do centro de pesquisa, que começa em 2012, o ano de 2024 foi o segundo em tamanho de área atingida por incêndios. Ele só perde para 2020, quando uma tragédia recorde foi registrada, sob a gestão Jair Bolsonaro (PL).
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Naquele ano, mais de 3,6 milhões de hectares do bioma tiveram queimadas, cerca de 24% da área total do pantanal brasileiro, segundo os dados do laboratório da UFRJ.
Um estudo publicado em 2023 liderado por pesquisadores do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) chegou ao número de cerca de 4,5 milhões de hectares queimados em 2020 (aproximadamente 30% da área total do bioma).
Em agosto do ano passado, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) chegou a visitar o Pantanal, pela primeira vez durante o governo, diante do crescimento das queimadas no bioma.
O Ministério do Meio Ambiente anunciou, à época, que 890 profissionais do governo federal atuavam na crise, entre integrantes das Forças Armadas (491), do Ibama e do ICMBio (351), da Força Nacional de Segurança Pública (38) e da Polícia Federal (10), além de 15 aeronaves e 33 embarcações. O efetivo empregado era três vezes maior do que o que estava em ação até o dia 28 de junho.
Dados do Monitor do Fogo do MapBiomas, divulgados na semana passada, mostram que a área devastada por queimadas no Brasil aumentou 79% em 2024 e superou os 30 milhões de hectares. Foi a maior extensão atingida pelo fogo desde o início da série iniciada pelo projeto em 2019. A área é maior que o território da Itália.
O relatório do MapBiomas destaca que o crescimento do território queimado no Brasil está associado aos efeitos da seca que afetou grande parte do país, influenciado pelo fenômeno El Niño, entre 2023 e 2024. A baixa umidade tornou a vegetação mais vulnerável e suscetível ao fogo.
O país enfrentou em 2024 a maior seca em 70 anos. Sobre o quadro do pantanal, maior planície alagável do mundo, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, disse em setembro que, se mantidas as condições atuais no clima, esse santuário de biodiversidade pode desaparecer até o fim do século, citando previsões de cientistas.