Professor de história e funcionário da Agraer (Agência Estadual de Desenvolvimento Agrário), Landkmark Ferreira Rios (PT), foi eleito vereador da Capital com 4.022 votos ao obter a vitória na primeira vez em que trocou os bastidores da política pelo protagonismo. Integrante do grupo de Vander Loubet (PT), ele coordenou as seis campanhas vitoriosas do deputado federal em Mato Grosso do Sul.
Novo vereador pretende repetir o estilo do “padrinho” político, um parlamentar pragmático, mais preocupado com o resultado do que ser oposição. “Meu estilo será de apresentar resultados, projetos e soluções para a cidade”, promete o petista.
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Na linha de que o filho sempre é melhor do que o pai, ele, pondera, que planeja ser mais evoluído em relação a Loubet. “Vou construir a imagem do Landkmark. Pegar as boas experiências do deputado Vander”, explica.
“Pretendo ser vigilante e trazer resultados para Campo Grande, as pessoas querem resposta”, filosofa, sobre a decisão de não priorizar o megafone para fazer críticas a atual prefeita, Adriane Lopes (PP), reeleita com duras críticas ao PT e ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
“A Adriane precisa dar respostas. Ele tem que administrar a cidade independente de ideologias e cor partidária”, propõe, sobre a atual prefeita, que norteou a campanha como representante do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Perfil do novo edil
Natural de Anápolis (GO), Landmark veio para a Capital sul-mato-grossense com os pais aos quatro anos de idade. Cresceu sob o espírito revolucionário do pai, José Ferreira Rios, que integrou o MR-8 (Movimento Revolucionário 8 de Outubro) e militou no movimento comunitário em Campo Grande.
José Ferreira foi candidato a vereador pelo MDB em 1985 e não conseguiu chegar a Câmara Municipal. O filho acabou realizando o sonho do pai após quatro décadas.
Como estudante, Landmark foi filiado ao PCdoB e fez parte da UJS (União da Juventude Socialista). Na época, ele foi secretário de Agitação e Propaganda, uma das principais funções da ala jovem do Partido Comunista do Brasil. Atuou na luta pelo passe livre e pelo passe integral para os estudantes no início dos anos 90.
Como estudante de história na UCDB (Universidade Católica Dom Bosco), ele fez parte do Centro Acadêmico e do DCE (Diretório Central dos Estudantes). Ao lado do ex-vereador Marcos Alex e de Carlinhos Porto, petistas históricos no passado, ele lembra que conseguiu derrotar a poderosa turma de Direito na disputa pelo comando do DCE da UCDB.
Naquela época, Lankmark antecipou parte do pragmatismo. Para conseguir um maior número de adeptos à carteirinha do estudante, os primeiros 100 inscritos foram contemplados com uma viagem para participar do programa de Jô Soares em São Paulo.
No serviço público, ele foi superintendente de Administração na gestão de Zeca do PT e secretário municipal de Agricultura e de Assistência Social em Dourados nas gestões de Murilo Zauith (União Brasil) e Délia Razuk (PTB).
Durante os últimos 30 anos, Landkmark integrou o grupo político de Vander Loubet e nunca foi candidato. Em 2022, ao conseguir elevar a votação de Vander na Capital, de 6 mil para 15 mil votos, entre 2018 e 2022, ele passou a ser cogitado para disputar a vaga de vereador.
Com a proposta do deputado para ser candidato, ele acabou tomando a decisão ao realizar a primeira festa de aniversário, para comemorar os 50 anos, e reunir cerca de 600 pessoas. Incentivado por amigos, acabou topando o desafio.
A experiência como coordenador da campanha de Loubet lhe assegurou, antes da abertura das urnas, que seria eleito vereador. “Eu esperava ganhar, porque tenho a expertise de contar votos”, gabou-se, em um dos raros momentos que deixa as sandálias da humidade de lado.
Opção pelo diálogo
Apesar de ser apenas um dos 29 vereadores, Landkmark pretende usar a experiência para viabilizar projetos importantes para a Capital e apresentar para a prefeita, inclusive recorrer ao governador Eduardo Riedel (PSDB) e ao presidente Lula.
“Não adianta ficar batendo latinha. A eleição acabou e o campo-grandense quer respostas, da Câmara e do Executivo”, ressalta o petista. Ele pretende recorrer aos deputados federais e senadores e se propõe, apesar de ser de oposição, ajudar Adriane a buscar recursos federais para a cidade.
Uma das bandeiras do novo vereador é a construção do 2º Instituto Federal na Capital. Ele destacou que o atual, construído na região do Bairro Santo Antônio, Ele conta que de 16 jovens inscritos para uma vaga no atual IFMS, apenas um é aprovado. “Campo Grande tem capacidade para mais um instituto federal”, frisa.
Landmark defende a regularização das 250 hortas urbanas que existem na cidade. A maior parte funciona em áreas públicas e não foram regularizadas. A proposta é entregar o título definitivo aos donos das hortas. Ele diz que a alface, cebolinha e cheiro verde são os únicos produtos produzidos na Capital, enquanto o restante é importado de outros estados.
Outro problema é buscar uma solução para os moradores de rua e acabar com as cracolândias espalhadas em Campo Grande. Na sua conta, a cidade conta com cerca de 3 mil moradores em situação de rua. “Precisamos buscar soluções”, propõe.