O prefeito de Navirái, Rodrigo Sacuno (PL), encontrou rombo de R$ 15 milhões nas contas da prefeitura. Para reorganizar as finanças do município, o bolsonarista pediu paciência à população para as medidas de contenção de despesa. No entanto, ele descarta abrir mão do reajuste de 94% no próprio salário, que saltou de R$ 18 mil para R$ 35 mil no apagar das luzes do ano passado.
Ao apresentar um balanço da situação da Prefeitura Municipal de Naviraí, Sacuno revelou que das dívidas somam R$ 17,229 milhões. A antecessora, Rhaiza Matos (PSDB), deixou apenas R$ 2,2 milhões em caixa. Isso significa que o rombo é de R$ 15,022 milhões.
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“A retenção na folha de pagamentos de valores que foram descontados dos servidores, mas não repassados aos bancos, relativos aos consignados, Cassems e INSS somam uma dívida de R$ 5.491.560,42. Identificamos também a despesa com a Previdência vencida em dezembro não paga e nem empenhada, sendo mais R$ 3.490.000,00. O total de dívidas é de R$ 17.229.012,84”, anunciou o Chefe do Executivo.
“Neste momento, pedimos compreensão da população e a paciência. Com pulso firme vamos resgatar o crédito da administração. Estávamos planejando algumas nomeações, mas, não vamos conseguir fazer tendo em vista a falta de dinheiro, o que nos preocupa muito. Faremos nomeações somente necessárias”, afirmou, durante coletiva de imprensa na semana passada.
“Não vamos parar de rodar a máquina pública, todavia, para não ocorrer situação prejudicial à população, vamos conduzir as decisões com cautela e muita responsabilidade”, garantiu.
Salário de governador
Por outro lado, a crise não deverá afetar o salário do prefeito de Naviraí, que passou de R$ 18 mil para R$ 35 mil. A partir deste ano, ele receberá salário equivalente ao pago ao governador Eduardo Riedel (PSDB), R$ 35.462,63. A diferença está no tamanho da máquina, enquanto MS tem 2,9 milhões de habitantes, a cidade de Sacuno conta com aproximadamente 50 mil moradores.
Inicialmente, após a repercussão negativa do reajuste, o prefeito bolsonarista cogitou rejeitar o aumento de 94%, que classificou como “exorbitante”. “O Rodrigo vai reunir a imprensa esta semana para se posicionar sobre esse valor. Ele considera exorbitante e já estuda juridicamente uma forma de revogar esse decreto que foi aprovado na legislatura passada”, informou via assessoria.
No entanto, mesmo diante do rombo, ele mudou de ideia e vai lutar pelo salário de governador. “Sou advogado, precisei abrir mão do meu escritório, abrindo mão de uma receita particular. E tem o tamanho da responsabilidade que assumi. Não vejo como exorbitante. E está nas mãos do Judiciário. Acho que é mais uma questão politiqueira do que, de fato, alguém que queira defender o que é certo ou errado”, afirmou o prefeito em entrevista ao Campo Grande News.
Ele acusou de politiqueiro o advogado Daniel Ribas da Cunha, que virou uma pedra no sapato dos políticos adeptos da farra com o dinheiro público. Ele ingressou com ação popular na Justiça para suspender o reajuste porque não obedeceu à Lei de Responsabilidade Fiscal.
Pela legislação, o reajuste do prefeito e vereadores deve ser aprovado com 180 dias antes do fim do mandato. O aumento no salário do prefeito foi publicado em dezembro do ano passado pela antecessora, Rhaíza Matos.
O advogado Tiago Botelho (PT), atual superintendente regional do Patrimônio da União, foi às redes sociais para criticar o valor. Ele lembrou que nenhuma empresa paga R$ 35 mil de salário para um dirigente.
O petista destacou que o valor é exorbitante e, inclusive as prefeituras de Rio Brilhante, Jateí e Ivinhema, estão erradas em pagar um valor semelhante, que supera até o valor pago ao governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), estado mais populoso do País com 45 milhões de habitantes e o mais rico do País.
O problema não é o prefeito achar o valor normal. É a maior parte da população, que ganha um salário mínimo e acha certo pagar tributos para sustentar a mordomia de um ou uma dezena de políticos. A situação só vai mudar quando o povo deixar de sustentar politicamente essa situação bizarra no Brasil.