Mário Pinheiro, de Paris – Jean Marie le Pen, fundador do partido Frente nacional (front national) em 1972, não tinha escrúpulos em afirmar seu neofascismo. Dos cabelos até as unhas do pé, o antissemitismo bufava em seu fascínio pelo negacionismo.
Le Pen, ex-militar, gabava-se pela tortura que teria exercido na Argélia contra os manifestantes que lutavam contra o colonialismo francês na guerra de 1954 a 1962. Suas falas sempre vinham recheadas de cinismo e arrogância. Por diversas vezes em alocuções televisivas afirmava que as câmeras de gás e os fornos dos campos de concentração de Auchwuitz eram apenas um detalhe da história.
Veja mais:
No Divã Em Paris – Direitos humanos na era Freitas
No Divã Em Paris – Notre Dame é reinaugurada em Paris
No Divã Em Paris – Falta de inteligência militar não é ficção
Durante a invasão e ocupação nazista à partir de 1939, a França se dividiu, o norte estava nas mãos de alemães, o governo de Vichy liderado pelo então entreguista Philippe Pétain. Pétain havia determinado a derrota do exército francês e que a França devia servir a Alemanha. Em Vichy foi criada a milícia militar destinada a prender franceses descontentes e sobretudo os judeus. A petezada desta época fez a resistência comandada pelo general De Gaulle e os aliados ingleses. Os fatos históricos não convenceram Le Pen.
Seu partido era mal visto por causa do racismo exacerbado e alicerçado pelos skin heads. Em 2002, Le Pen foi ao segundo turno das eleições presidenciais na França ao destronar o primeiro ministro socialista Leonel Jospin. A ida de Le Pen para a disputa final com Jacques Chirac foi vista como catástrofe, pois os eleitores socialistas se abstiveram das urnas em protesto ao governo de Jospin era para dar um susto, mas o susto foi um tiro que saiu pela culatra.
Chirac foi eleito presidente, mas Le Pen aumentou a popularidade de seu partido antissemita. A filha, Marine Le Pen, usando de sua magia feminina, quis mudar a imagem do partido herdada do pai arrogante e ela conseguiu mais prefeitos, deputados e militantes, mas o estigma anti-imigração e homofóbico continua.
A morte de Le Pen não deixa saudades. Mas a extrema direita está vacinada na Europa com a Itália, Hungria, Áustria e o apoio inconstante do chupa cabras americano Elon Musk que derrama milhões de dólares para estabelecer uma nova ordem mundial.
Musk tem tentado influenciar no partido de extrema direita da Alemanha. Os negócios financeiros andam de braços dados com a pretensão política extremista, mas o chupa cabras não mete o dedo no vespeiro dos Emirados Árabes, Irã e outros países cujo governo é liderado por muçulmanos e ele tem rendimento econômico.
Le Pen morre e deixa seguidores. Loucura é algo contagiante e que muda a imagem e as cores como se fosse camaleão, mas a essência é antissemita, racista, homofóbica e de extrema direita. A ingerência política de Musk causa uma saia justa também no Reino Unido com acusações sórdidas contra o primeiro ministro. Não se sabe até quando o chupa cabras vai incomodar a política alheia e deixar o mal cheiro de seu chifre derretido.