A Polícia Federal investiga o pagamento de R$ 19 milhões pela J & F Investimentos, dos irmãos Joesley e Wesley Batista, em ação envolvendo a disputa de R$ 600 milhões na Eldorado Celulose. De acordo com o Uol, esse é um dos 14 processos listados no inquérito aberto para apurar venda de sentença no Superior Tribunal de Justiça.
Conforme a PF, o lobista Andreson Gonçalves antecipou o resultado do julgamento no STJ cinco dias antes do processo ir a julgamento. No dia 13 de agosto de 2020, ele informou ao advogado Roberto Zampieri, assassinado no final de 2023 no Mato Grosso, que a corte acataria o pedido do conglomerado dos irmãos Batista e mandaria o caso para ser analisado pela Justiça de São Paulo.
Veja mais:
TJ impõe mais emoção na briga de gigantes pelo faturamento de R$ 11,3 bilhões por ano
Zanin livra desembargadores de tornozeleira, mas mantém afastamento de quatro no TJMS
Na véspera da sessão da Corte Especial do STJ, desembargadores do TJMS colocam tornozeleira
Apesar de não ser advogado de nenhuma das partes, Zampieri recebeu R$ 19 milhões dos donos da JBS. O processo começou no Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul, que suscitou conflito de competência e encaminho o caso para ser decidido pelo STJ.
O imbróglio envolvia a aquisição de ações na Eldorado por um empresário. Ele questionava a diluição das ações com a ampliação da gigante de celulose e pretendia participar das negociações.
No dia 18 de agosto de 2020, o STJ confirmou o julgamento antecipado pelo lobista e acatou o pedido da J & F e encaminhou o processo para ser julgado na Justiça de São Paulo. Os irmãos Joesley e Wesley Batista ganharam em todas as instâncias.
Em nota encaminhada ao Uol, a J & F negou qualquer irregularidade e citou que o processo era um simples conflito de competência suscitado pelo TJMS. A empresa negou o pagamento de propina para magistrados ou assessores do STJ.
Operação Ultima Ratio
A suspeita de venda de sentença envolve o gabinete de quatro ministros do STJ e por isso está no Supremo Tribunal Federal. De acordo com o Uol, a PF ainda não descarta o envolvimento de um ministro da corte com o esquema que já levou ao afastamento de cinco desembargadores do TJMS no dia 24 de outubro do ano passado.
O presidente do TJMS, desembargador Sérgio Fernandes Martins, conseguiu reverter o afastamento no STF e reassumiu o cargo na corte estadual. Por outro lado, o STF manteve o afastamento dos desembargadores Alexandre Bastos, Marcos José de Brito Rodrigues, Vladimir Abreu da Silva e SIdeni Soncini Pimentel.
O Conselho Nacional de Justiça determinou o afastamento do juiz Paulo Afonso de Oliveira, da 2ª Vara Cível de Campo Grande, que também é investigado na Operação Ultima Rateo. Outros dois desembargadores também foram alvo dos mandados de busca, Divoncir Schreiner Maran e Júlio Roberto Siqueira Cardoso.