O novo diretor-presidente do Consórcio Guaicurus, Themis de Oliveira, concedeu sua primeira entrevista coletiva nesta terça-feira (7). O gestor avisou que ainda não é possível antecipar informações sobre o aumento da tarifa do transporte coletivo na Capital, mas que espera que a Prefeitura de Campo Grande cumpra o contrato, que prevê o reajuste.
O consórcio briga na Justiça contra a prefeitura pelo reajuste na tarifa de ônibus de 64%, dos atuais R$ 4,75 para R$ 7,79. A busca por lucros maiores do grupo de empresas controladas pela família Constantino contrasta com a falta de investimentos em melhorias no sistema do transporte coletivo. Os passageiros sofrem com veículos precários, velhos e sem conforto.
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“Estou assumindo hoje, é uma questão que vou sentar na mesa e conversar com a prefeitura, não tem nada definido nem nada que a gente possa antecipar. O contrato tem que ser cumprido e tem que ter uma paramétrica onde entra preço do diesel, aumento de salário. A única coisa que a gente coloca para prefeitura é que o contrato seja cumprido, nada mais que isso”, declarou Themis*.
O novo diretor-presidente relatou que a tarifa do ônibus já foi reajustada em 14 capitais. Levantamento do portal g1, porém, informa que pelo menos sete capitais iniciam 2025 com a passagem de ônibus mais cara do que em 2024: Belo Horizonte (MG), Florianópolis (SC), Natal (RN), Recife (PE), Rio de Janeiro (RJ), São Paulo (SP) e Salvador (BA).
Em pedido encaminhado à Justiça no fim de novembro, o grupo pede que a Justiça eleve a multa diária para R$ 50 mil para obrigar o município a promover o reajuste. No pedido, a defesa das empresas, feita pelo desembargador aposentado Claudionor Miguel Abss Duarte, alega que conta com R$ 40,8 milhões em dívidas e não dispõe de dinheiro para quitá-las.
Uma perícia contábil determinada pela Justiça começou há 20 dias para apontar a necessidade ou não de um reequilíbrio no contrato de concessão. O relatório final deve ser entregue em até 150 dias.
“O tempo inteiro pode ser conversado, mas está na fase de perícia ainda. Não é nada da prefeitura contra a gente, nem da gente contra a prefeitura, é uma perícia contábil que está sendo feita e vamos esperar a perícia terminar. Acho que tem 120 ou 150 dias para ser feita, então deixa a perícia andar um pouquinho mais e vamos ver o que sai de lá”, explicou Themis de Oliveira.
A Justiça já reconheceu que a data-base do reajuste da tarifa do transporte coletivo é outubro, mês em que foi firmado o contrato de concessão em 2012. No entanto, Adriane tem ignorado a decisão judicial.
O Consórcio Guaicurus é uma entidade privada que congrega as quatro empresas responsáveis pela operação do sistema de transporte coletivo urbano de passageiros de Campo Grande (MS). O Consórcio é formado pelas seguintes empresas: Viação Cidade Morena Ltda (empresa líder), Viação São Francisco Ltda, Jaguar Transporte Urbano Ltda e Viação Campo Grande Ltda.
O chefão deste grupo estava presente, o empresário Paulo Constantino.
“O contrato é público, todo mundo tem acesso. O contrato prevê uma revisão a cada sete anos. Era para ter ocorrido em 2019. O transporte mudou muito de 2012 para cá. Em 2013, surgiu o Uber, que afetou o volume de passageiros. Depois tivemos crises políticas, pandemia e outros fatores que impactaram o setor”, explicou.
“O investimento é muito grande. Então o que a gente quer é uma tarifa adequada para poder prestar cada vez mais um melhor serviço. Quando seria uma tarifa adequada hoje? Eu não posso falar com precisão, nós podemos pegar qualquer pesquisa básica hoje nas principais capitais do país e descobrir uma tarifa média. E hoje, se você pegar números que a gente está no meio, a gente conhece, as tarifas técnicas, a tarifa de remuneração que hoje aqui se executa no Brasil é entre 8 e 10 reais”, defende Constantino.
*As declarações de Themis de Oliveira e Paulo Constantino foram reproduzidas do site Campo Grande News.