Apesar da gravíssima crise financeira enfrentada pela Prefeitura de Campo Grande, Adriane Lopes (PP) vai receber salário de R$ 41.845,62 a partir do dia 1º de fevereiro deste ano. Com o reajuste de 96,76%, a prefeita vai ganhar o maior salário do País entre os prefeitos das capitais, embora falte dinheiro e a população sofra com a falta de remédios, de médicos e de vagas para consultas, exames e cirurgias na rede pública de saúde.
Enquanto o povo sofre com a paralisação das obras no Centro e na periferia, mães ficam sem emprego por falta de vagas em creches para os filhos, moradores em situação de rua se multiplicam pelos bairros, Adriane vai ter um salto extraordinário no subsídio, de R$ 21.263,62 para R$ 41.845,62 – o equivalente a 27 salários mínimos por mês.
Veja mais:
Na posse, Adriane chora, agradece senadora e diz que ela e vice foram “escolhidas” por Deus
Favelas, obras paradas, fila na saúde … Adriane tem 4 anos para fazer o que não deu conta em 3
Salários de prefeita, vice e secretários municipais sobem até 206% a partir de fevereiro
Embora a Campo Grande tenha 954,5 mil habitantes, a progressista terá salário 10% superior ao valor pago ao prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), que recebe R$ 38.039,38 para comandar uma cidade com uma população de 11,8 milhões de habitantes.
Eduardo Paes (PSD), do Rio de Janeiro, recebe R$ 35.608,27 para administrar o município com 6,7 milhões de habitantes, 17% superior ao valor pago à chefe do Executivo de Campo Grande.
Conforme o levantamento realizado pelo site Campo Grande News, Adriane Lopes ganha 136% mais em relação ao subsídio de R$ 17.690 pago ao prefeito de Teresina (PI), Silvio Mendes (União Brasil). A cidade piauiense tem uma população do mesmo porte da Cidade Morena, 902,6 mil habitantes.
O prefeito Evandro Leitão (PT) ganha R$ 27.391, metade do valor a Adriane, para administrar Fortaleza (CE), cidade com 2,5 milhões de moradores. João Campos (PSB) recebe R$ 25 mil por mês para administrar Recife (PE), com 1,5 milhão de habitantes.
Marajá
O valor pago a Adriane vai ser o novo teto do funcionalismo público municipal. O aumento de 96,76% vai beneficiar a elite do funcionalismo na Capital, composta por apenas 408 dos 27 mil contratados da prefeitura.
Adriane ganhará mais que o governador Eduardo Riedel (PSDB), que recebe R$ 35.462,63 por mês para comandar 79 municípios e 2,9 milhões de habitantes.
Só que ao contrário do Governo do Estado, que está com o orçamento equilibrado, Campo Grande enfrenta uma das mais graves crises financeiras de sua história. A prefeitura compromete mais de 55% da receita líquida com o pagamento de pessoal e não conta com dinheiro nem para cumprir decisões judiciais, que determinaram o pagamento de adicional de insalubridade aos profissionais da saúde e de periculosidade aos guardas municipais.
Adriane também não cumpriu o Lei do Piso, que prevê o pagamento de 100% do piso nacional para a jornada de 20 horas. No ano passado, ela firmou um acordo com os professores para postergar o cumprimento da legislação.
Além disso, na cidade sem problemas só existem 67 mil pessoas na fila de espera por consulta médica, exames e cirurgias. Há registro da falta de remédios nos postos de saúde e vagas para doentes em estado grave nos hospitais.
Já para pagar um supersalário à prefeita, não existe crise nem falta de dinheiro.