A senadora Soraya Thronicke (Podemos) afirmou que “mexeu com poderosos de todas as áreas” e por isso se tornou alvo de ataques. “Eu fui ameaçada e stalkeada”, denunciou a sul-mato-grossense. Relatora da CPI das Bets, ela garantiu que, apesar dos ataques e da abertura de investigação pela Polícia Federal, “nós vamos até o fim”.
A CPI das Bets foi instalada no dia 12 de novembro e elegeu o senador Dr. Hiran (PP-RR) como presidente e Soraya como relatora. A comissão ganhou os holofotes após a denúncia de que o lobista Silvio Assis estaria extorquindo empresários para livrá-los do constrangimento de serem convocados pela CPI. A PF confirmou a abertura de investigação para apurar as denúncias de cobrança de propina.
Veja mais:
Após denúncias de revista e Soraya, PF investiga suspeitas de pedidos de propina na CPI das Bets
Genro e irmã de lobista acusado de extorquir empresários são lotados no gabinete de Soraya
Soraya diz que sofre ameaças de outros senadores e denuncia genro de parlamentar à PF
Em entrevista à Agência Senado, Soraya afirmou que a CPI já descobriu “coisas que mexeram com poderosos de todas as áreas”. Ela também disse que, quando faltam argumentos, a melhor defesa é o ataque. Para a senadora, também pesa o fato de ela ser mulher.
“Eu fui ameaçada e stalkeada. É importante que a população brasileira saiba: independentemente de qualquer investida contra a CPI, ou contra membros da CPI, nós vamos até o fim”, garantiu a parlamentar, que passou a andar com seguranças após sofrer ameaças.
De acordo com Soraya, a CPI das Bets tem foco em um problema social gravíssimo, que envolve o crime organizado, com lavagem de dinheiro e evasão de divisas. Neste ano, a relatora promete ouvir os chamados influencers, que usam seus canais em redes sociais para divulgar os jogos on-line.
A senadora admitiu que é difícil “erguer um muro digital no país”, mas defendeu a regulamentação mais rígida das bets, de forma a minimizar os danos dos consumidores. Ela é autora de um projeto que impede a realização de apostas de quota fixa por beneficiários de programas sociais (PL 3.757/2024).
“Estamos também trabalhando em uma legislação. Já recebi até uma minuta de um projeto de lei. A CPI vai apresentar um projeto e pedir uma tramitação especial, mais rápida, para que a gente consiga minimizar os danos”, declarou Soraya.
Para o senador Dr. Hiran (PP-RR), a comissão trata de um tema de interesse nacional. Ele ressaltou que a atuação da CPI será no sentido de proteger o povo brasileiro. Dr. Hiran também cobrou que o Congresso se dedique à regulamentação da atividade. O senador ainda lembrou que a CPI já ouviu representantes do governo e empresários, sempre com cuidado para que a comissão não se torne uma “assassina de reputações”.
Para o próximo ano, Dr. Hiran indicou que a comissão seguirá ouvindo pessoas relacionadas às atividades que são objeto de investigação da CPI e tratará de temas como saúde mental e segurança para crianças e adolescentes.
Ao contrário dos boatos de que a CPI das Bets pode ter o fim antecipado, o presidente antecipou que, por conta do volume de trabalho, é possível que o funcionamento da CPI seja prorrogado.