A disputa entre a prefeita Adriane Lopes (PP) e o bloco que apoia o vereador Epaminondas Vicente Silva Neto, o Papy (PSDB), pode quebrar a era de paz que dura oito anos na escolha do presidente da Câmara Municipal de Campo Grande. O ciclo teve domínio dos vereadores João Rocha (PP) e Carlos Augusto Borges, o Carlão (PSB), atual presidente do Legislativo.
O período de tranquilidade, porém, foi precedido por um dos momentos mais conturbados da história da Câmara da Capital. O então vereador Mario Cesar (MDB) era o presidente quando, em agosto de 2015, foi deflagrada a Operação Coffee Break. O emedebista foi afastado e renunciou ao cargo. Em novembro daquele ano, João Rocha, então no PSDB, foi eleito para o comando da Casa com apenas um voto contra, de Cazuza (PP).
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Em 2017, teve início uma nova legislatura. A administração Alcides Bernal (PP) ficou para trás e começou a gestão Marquinhos Trad (PSD) à frente da prefeitura. Por unanimidade, João Rocha foi reeleito presidente da Câmara de Vereadores para o biênio 2017-2018, sendo reeleito novamente para 2019-2020, com o apoio de todos os colegas, apesar de ser réu na Coffee Break.
A marca do comando de João Rocha era o discurso de “harmonia, entendimento, respeito e responsabilidade”. Com certa relutância e ainda no PSDB, o presidente passou o bastão para o colega Carlão, para manter a “unidade” na Casa de Leis.
Em 1º de janeiro de 2021, Carlos Augusto Borges, também réu na Coffee Break, assumiu a presidência com o apoio dos outros 28 vereadores. Em decisão controversa, em julho daquele ano, Carlão foi reconduzido ao cargo de presidente por mais dois anos em chapa de consenso. Ou seja, ficaria no comando durante toda a atual legislatura, que se encerra no próximo dia 31 de dezembro.
Neste momento, o cenário é que o período de eleições unânimes e de consenso ficou para trás. Reeleito para o 3º mandato, Epaminondas Vicente Silva Neto, o Papy (PSDB), conta com o apoio por escrito de 24 dos 29 vereadores. No entanto, a prefeita Adriane Lopes, cujo PP tem a segunda maior bancada, com quatro correligionários, quer um presidente para chamar de seu no Legislativo. O escolhido para a empreitada é Beto Avelar (PP), atual líder da chefe do Executivo.
Além do apoio ostensivo dos colegas, Papy conta como trunfo e principal articular o próprio Carlão, candidato a primeiro secretário. O atual presidente avisou que Epaminondas implementará uma gestão voltada para a cidade e não deverá criar obstáculos para o segundo mandato de Adriane, desde “que os projetos sejam bons para a cidade”.
Papy está concluindo o segundo mandato como vereador, mas sua experiência transcende o mandato. Ele foi assessor de Herculano Borges (Republicanos), antes deste virar deputado estadual, e vai fechar um ciclo de 16 anos consecutivos na Câmara Municipal.
Papy está confiante na disputa e até busca o consenso. “Com certeza tem também este aspecto partidário, porém é mais do que isso, é a união das forças para uma construção de um caminho de resultado prático na vida do campo-grandense”, garante o tucano.
A eleição de Papy, caso confirmada no dia 1º de janeiro, refletirá um equilíbrio existente em nível estadual. O PSDB, com Eduardo Riedel, comanda o Poder Executivo, enquanto o deputado estadual Gerson Claro (PP), preside a Assembleia Legislativa. Na Capital, os papeis se inverteriam. O PP comanda a prefeitura com Adriane, enquanto os tucanos assumem o Legislativo.