O Estado de Mato Grosso do Sul vive um “ciclo de prosperidade e progresso” e deverá receber investimentos de R$ 100 bilhões nos próximos dois anos, principalmente, das indústrias de celulose, carne e citricultura. Apesar da situação de pleno emprego, com taxa de desemprego de apenas 3,4%, o maior problema é a falta de mão de obra para atender a demanda das empresas atuais e das novas.
Essa é a avaliação feita por Eduardo Riedel (PSDB), um neófito na política que ganhou a primeira eleição e completa dois anos de mandato neste mês. Na última sexta-feira (6), o tucano concedeu entrevista exclusiva para O Jacaré no receptivo do Governo no meio do Parque Estadual do Prosa.
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“O Estado vive um ciclo muito positivo na economia e tem despertado a atenção dos grandes grupos empresariais”, festejou o governador. Na semana passada, a Suzano comemorou a inauguração da fábrica de celulose em Ribas do Rio Pardo, com investimento de R$ 22 bilhões e considerada a maior fábrica de celulose de linha única do mundo.
A festa teve a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), com quem o governador mantém boa relação, apesar de ter apoiado o adversário, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), nas eleições de 2022. O evento contou com a presença dos dirigentes dos maiores grupos empresariais do País.
“Todos eles têm prestado muito atenção nas oportunidades de negócios em Mato Grosso do Sul”, contou. De acordo com Riedel, até os integrantes do “mercado financeiro”, o grande algoz do petista, estão de olho nos potenciais investimentos em terras sul-mato-grossenses.
Investimentos para 2025-2026
Riedel prevê que o Estado receberá investimentos de aproximadamente R$ 100 bilhões nos próximos dois anos. Metade desse montante será aplicado pelo setor de celulose. A multinacional chilena Arauco vai investir R$ 24 bilhões na construção da fábrica em Inocência. Somente neste ano já foram destinados R$ 500 milhões para a terraplanagem.
A Bracell iniciou os trabalhos para construir outra fábrica de celulose em Água Clara, com investimento de R$ 22 bilhões. E o governador nem considerou os investimentos de R$ 25 bilhões previstos na 2ª linha de produção da Eldorado Celulose em Três Lagoas – o projeto está emperrado por causa da guerra pelo controle entre a J&F, dos irmãos Joesley e Wesley Batista, e a Paper Excellence, do indonésio Jackson Wijaya.
Nas contas do chefe do Poder Executivo estão os investimentos feitos pela JBS na ampliação das unidades de Campo Grande e Dourados. Ele ainda citou o setor de citricultura, que passou a ter incentivos do Governo para abrir Mato Grosso do Sul para a nova fronteira agrícola na produção de laranja.
Riedel explica que os investimentos refletem o ambiente de confiança criado pela administração estadual. Os empresários possuem acesso livre ao governador e a equipe técnica, não encontram óbices em agilizar os licenciamentos ambientais nem na infraestrutura e logística. “Estamos abertos com os empresários e temos simplicidade para tratar as questões”, destacou.
Notícia boa é problema
Somente neste ano, MS criou 26 mil novas vagas de emprego e a taxa de desemprego está em 3,4%, a 4ª menor do País. “Estamos vivendo uma situação de pleno emprego, mas falta mão de obra”, admite o tucano.
Riedel contou que uma das prioridades do Governo é identificar a capacidade dos jovens e dos integrantes da melhor idade para tentar suprir a falta de trabalhadores no mercado estadual. Em Ribas do Rio Pardo, a Suzano e o Governo apelaram as mulheres mães, solteiras ou casadas, que não podiam trabalhar porque não tinham vaga nas creches para deixar os filhos.
Foram criadas 230 vagas de empregos para as mulheres nos viveiros da Suzano e da Bracell, em Água Clara, por meio da política que viabilizou escola de educação infantil para os filhos, transporte e salário para as mães. “Foi uma grande oportunidade que ganharam na vida, com transporte, salário, creche para os filhos, ganharam liberdade e independência”, frisa o governador.
Em Dourados, a JBS está ampliando o abate de suínos de 6 mil para 9 mil animais por dia, mas tem sofrido para preencher 800 vagas de emprego. Uma das soluções foi capacitar haitianos, que buscaram refúgio e uma oportunidade de reconstruir a vida no Brasil.
Outro setor que deverá criar um boom de empregos será a produção de laranja, incipiente no Estado, mas com investimentos bilionários. De acordo com Riedel, os empresários ficaram surpresos com a qualidade da mão de obra em Sidrolândia, onde trabalhadores possuem experiência com as modernas máquinas agrícolas.