A festa de inauguração da maior fábrica de celulose em linha única do mundo reuniu as figuras políticas mais importantes do País e de Mato Grosso do Sul, em especial o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e o governador Eduardo Riedel (PSDB). O prefeito de Ribas do Rio Pardo, João Alfredo Danieze, acabou ficando em segundo plano naquele que foi o último grande momento da única gestão do PT no Estado.
Em 2020, João Alfredo conquistou a façanha de ser eleito prefeito pelo PSOL ao ganhar do ex-prefeito José Domingues Ramos, o Zé Cabelo (PSDB), uma lenda na política local, por uma diferença de apenas 184 votos, em um dos estados mais bolsonaristas do País.
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Para brigar pela reeleição, Danieze se filiou ao Partido dos Trabalhadores para manter o PT no comando da cidade durante o “boom econômico” causado pelo início das atividades da fábrica de celulose da Suzano.
A estratégia nem o apoio de Lula não acabaram sendo suficientes para garantir a vitória nas urnas. João Alfredo acabou derrotado pelo ex-aliado Roberson Luiz Moureira (PSDB), de quem foi vice entre 2009 e 2010, quando o tucano comandou o Paço Municipal.
Roberson foi eleito em outubro com 6.142 votos, contra 4.292 do petista. A derrota acarreta no fim da administração da última prefeitura comandada pelo PT em Mato Grosso do Sul, já que o partido não conseguiu eleger nenhum prefeito em 2024, o que também aconteceu em 2020.
A inauguração da megafábrica da Suzano em Ribas do Rio Pardo, na última quinta-feira, 5 de outubro, foi marcada por declarações de Lula e seus ministros Rui Costa (Casa Civil) e Simone Tebet (Planejamento e Orçamento) com fortes críticas à rejeição do chamado “mercado” à gestão petista.
Em seu discurso, João Alfredo celebrou que Ribas se tornou “a capital nacional do eucalipto” e que a indústria será “um grande legado para a cidade”.
O empreendimento é resultado de um investimento de R$ 22,2 bilhões, tem capacidade para produzir cerca de 2,55 milhões de toneladas de celulose de eucalipto por ano, e vai gerar três mil empregos diretos.
A unidade é autossuficiente em energia e gera excedente de 180 megawatts (MW) médios, suficientes para abastecer uma cidade com mais de 2 milhões de habitantes durante um mês.
Por outro lado, Ribas do Rio Pardo vive o contraste entre novas oportunidades e problemas do desenvolvimento. A instalação da fábrica na pequena cidade fez a população aumentar vertiginosamente em poucos anos, chegando a 23.150 habitantes, segundo o Censo de 2022. O crescimento gerou problemas como mais casos de violência e o aumento do custo de vida, com supervalorização dos aluguéis.