Enquanto o ano termina sob a sagrada aura das festas natalinas, verdadeiras orgias gastronômicas tornam-se irrecusáveis à maioria das pessoas. Para cada brincadeira de amigo secreto, há uma mesa posta com tudo o que é evitado durante o restante do ano. Se para os adultos é difícil resistir aos muitos doces, bolos e bebidas, para as crianças é um martírio, especialmente para aquelas acima do peso. Isso acontece porque as despedidas e formaturas contam sempre com os pratos mais especiais presentes nos sonhos dos pequenos. Como dizer não ao brigadeiro (nas múltiplas variedades), aos bolos recheados (de brigadeiro também), às gomas de gelatina (muitas vezes escondidas nas bolsas dos pais para aquele consolo imediato)?
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Negociação vale para evitar prejuízo causados pelos doces em festas infantis
Se não é possível resistir, a melhor forma de passar pelo fim de ano açucarado é atuar com a redução de danos. Conversas antecipadas às festas podem não reduzir o comportamento devorador no momento do convívio com tantas guloseimas, mas no restante dos dias (aqueles sem festas) a alimentação precisa seguir algum tipo de regra e, traduzindo, restrição mesmo. Reduzir açúcares, massas com molhos calóricos e pouco nutritivos, além alimentos processados no dia a dia é a única forma de resguardar a saúde dos pequenos.
Há quem não perceba, mas as taxas de obesidade infantil na população brasileira estão cada vez mais elevadas. Em julho deste ano, a Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) divulgou os resultados da pesquisa conduzida em conjunto com o Instituto Desiderata, onde foi apontada elevação contínua da obesidade entre meninos e meninas brasileiros até 2044. A previsão é de que, em 20 anos, 24% das crianças de 4 a 9 anos estejam obesas. No mesmo período, a obesidade fará parte da realidade de 15% das crianças de 10 a 14 anos e de 12% dos adolescentes de 15 a 19 anos.
Obesidade infantil está no topo das preocupações com a saúde pública
Os cientistas concluíram que a obesidade infantojuvenil está no topo das questões modernas de saúde pública. Acima do peso, crianças e adolescentes estão mais propensos a desenvolverem distúrbios metabólicos, diabetes tipo 2, hipertensão e asma.
Caso nenhuma providência seja tomada, a obesidade entre os meninos de 5 a 9 anos deve aumentar de 22,1% para 28,6%; enquanto nas meninas, salte de 13,6% para 18,5%. De acordo com os dados da pesquisa, até 2024, a porcentagem de meninos de 10 a 14 anos vivendo com obesidade aumentará de 7,9% para 17,6%, enquanto a porcentagem de meninas com obesidade na mesma faixa etária aumentará de 7,9% para 11,6%. Já a prevalência de obesidade entre os meninos na faixa etária de 15 a 19 anos aumentará de 8,6% para 12,4% nos próximos 20 anos, enquanto a prevalência entre as meninas dessa idade aumentará de 7,6% para 11,0%.
Claro, a obesidade é uma questão de saúde pública e manejar o cotidiano não é fácil diante da oferta de alimentos baratos, processados e de baixo valor nutricional, concorrendo com produtos saudáveis caros e distantes da realidade do brasileiro. Por essas questões, como o açúcar e o processado vão dominar as festinhas que precedem os grandes jantares de fim de ano, a melhor estratégia é, ainda, resistir durante a semana e, por que não? Seguir em frente e entrar em 2025 com novas estratégias.