Presidente do Supremo Tribunal Federal e do Conselho Nacional de Justiça, o ministro Luís Roberto Barroso, minimizou a Operação Ultima Ratio, deflagrada pela Polícia Federal para investigar sete desembargadores, um juiz e um conselheiro do Tribunal de Contas por venda de sentença. Durante evento em Campo Grande, ele classificou o megaescândalo como “acidente” de percurso que não pode comprometer a imagem do Poder Judiciário sul-mato-grossense.
O magistrado está na Capital para 18º Encontro Nacional do Poder Judiciário, que reúne presidentes de 91 tribunais ontem e hoje no Palácio Popular da Cultura, no Parque dos Poderes.
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Para Barroso, cancelar o encontro por causa do escândalo seria condenação antes do devido processo legal e um desprestígio para o Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul. “Consequentemente, nós cancelarmos [o evento], porque há uma investigação, ou seja, três pessoas seria, na verdade, um desprestígio para todo o judiciário, que, aliás, tem uma limitação elevada no cenário nacional”, pontuou.
Em seguida, o dirigente faz uma analogia como uma autoestrada para classificar a investigação por corrupção, venda de sentença, lavagem de dinheiro e organização criminosa como “um acidente” de percurso.
“E eu gosto sempre de usar uma metáfora que me parece muito importante, e ela é relevante para a nossa própria autoestima. É que as instituições, como é o Poder Judiciário, são como autoestradas, que levam pessoas de um local para outro, transportam mercadorias de um local para outro, permite que as famílias se reúnam, permite que o comércio fique abastecido. As autoestradas são coisas formidáveis, porém, uma vez ou outra, acontece um acidente. Se alguém for narrar a história de uma autoestrada focado apenas nos acidentes, não estará contando a história real, não estará contando a história verdadeira, não estará fazendo justiça à autoestrada. E assim é com as instituições”, contou, conforme o Correio do Estado.
“Evidentemente, ao final do devido processo legal, onde aconteceu, se tiver acontecido errado, nós estamos aqui para as sanções adequadas, mas não antes da hora”, avisou, caso seja provado alguma irregularidade contra os desembargadores Sérgio Fernandes Martins, Sideni Soncini Pimentel, Vladimir Abreu da Silva, Alexandre Bastos, Marcos José de Brito Rodrigues, Divoncir Schreiner Maran e Júlio Roberto Siqueira e o juiz Paulo Afonso de Oliveira.
“Em segundo lugar, nós temos que considerar que o Poder Judiciário de Mato Grosso do Sul tem centenas de magistrados entre desembargadores e juízes”, frisou Barroso, conforme o Midiamax.
O corregedor nacional de Justiça, ministro Mauro Campbell Marques, também participa do encontro e fará a palestra de encerramento nesta terça-feira.
Em despacho publicado no dia 28 de novembro deste ano, ele negou pedido de um engenheiro para abrir reclamação disciplinar contra os desembargadores Vladimir Abreu da Silva e Sideni Soncini Pimentel.