No primeiro semestre de 2022, o então presidente Jair Bolsonaro (PL), sapateou, resistiu, teimou ao divergir de seus aliados de primeira hora que o suplicaram pela escolha da senadora sul-mato-grossense, Tereza Cristina (PP), como sua vice na disputa com Lula. O descarte lhe custou caro e pode amargar de vez sua carreira política com risco de mandá-lo para a cadeia.
Vejamos: Hoje, diante da Contragolpe, operação da Polícia Federal, cujo desfecho foi o indiciamento de 37 pessoas, 25 delas militares e o próprio Bolsonaro, nota-se, ou presume-se, a razão pela resistência ao nome da senadora.
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O ex-presidente negou a parceria com Tereza Cristina em nome de uma amizade de décadas com o general Walter Souza Braga Netto, seu ex-ministro da Defesa, como quem se formou junto ao ingressar no Exército, lá da década de 1970 e virou seu vice.
Nota-se, agora, com a operação da PF, que Braga Netto, pouco tinha lucidez política, contudo, mais parece um estrategista de guerra. Evidencia-se a isso o fato de ele, segundo a PF, ter se envolvido dos pés à cabeça na trama criada sob o escudo do general, que imaginava um golpe de Estado para manter Bolsonaro na presidência ainda que Lula tenha vencido. É o que diz o relatório final da PF.
Simpatizantes de Tereza
Queriam a senadora na chapa de Bolsonaro, como a vice chefes de legenda do Republicanos, PL e PP. Mais que isso: o chamado bloco do Centrão, grupo político cuja coalizão supera a dez siglas também apontavam Tereza Cristina como a opção certa, não Braga Netto.
E por que queriam a senadora? À época, pesquisas nacionais de intenção de voto apontavam Lula com mais de 25 pontos percentuais à frente de Bolsonaro. Um pouco mais: Tereza representava o agro, que ainda não havia, em massa, declarado apoio ao ex-presidente.
Tereza Cristina tinha sido uma das mais bem avaliadas ministras de Bolsonaro, na Agricultura. Hamilton Mourão, outro general e então vice-presidente do Brasil, elogiava Tereza, como se a quisesse como vice de Bolsonaro.
Até Flávio e Eduardo Bolsonaro, filhos do ex-presidente, queriam Tereza ao lado do pai. Mas nada disso aconteceu. Embora a danada pressão, Bolsonaro optou pelo amigo general. Agora, os dois enfrentam uma de suas piores encrencas judiciais, a de que tramaram um golpe.
Tereza Cristina seguiu seu rumo e virou senadora em outubro de 2022. À época, ela tratou da ideia de virar vice de Bolsonaro. Não negou em nenhuma das vezes questionada acerca do assunto. Disse, numa conversa divulgada pela imprensa que “preferiria” concorrer ao Senado devido ao ritmo fatigante que seria exercer a vice-presidência. Ela revelou que se dedicaria mais à família.
Lula venceu Bolsonaro, no segundo turno. O petista conquistou 60,3 milhões de votos (50,9%) ante os 58,2 milhões destinados ao ex-presidente (49,10%). Na eleição que a elegeu senadora, em MS, Tereza obteve 829 mil votos, ou 60% dos válidos. Ela conquistou mais votos que o governador Eduardo Riedel, do PSDB.
Fica a charada: Tereza acrescentaria mais a Bolsonaro que o general indiciado?