Rafael Tavares (PL), exaltado bolsonarista, segundo mais bem votado entre os 29 vereadores de Campo Grande, é processado por calúnia e difamação pela exposição em suas redes sociais de imagens de um dos líderes do MPL (Movimento Popular de Luta), sigla ligada a famílias de trabalhadores sem-terra, João Carlos da Conceição.
Por ter participado de um bloqueio de estrada num manifesto dos sem-terra, imagens do líder aparecem em vídeo ainda divulgado nas redes sociais do parlamentar, que também o chama de “criminoso” e que pratica ato de “terrorismo”.
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Rafael Tavares acumula encrencas judiciais. Ele foi condenado nesta semana por ter chamado de ladrão o deputado federal Vander Loubet, do PT. O parlamentar teve a casa invadida e furtada.
“Ladrão que rouba ladrão tem cem anos de perdão”, escreveu Tavares nas redes sociais ao comentar o episódio. A sentença diz que o réu terá de pagar três salários mínimos [cerca de R$ 4,2 mil] e R$ 2 mil de indenização ao deputado. O réu pode ainda recorrer.
Até março do ano passado, Rafael Tavares era deputado estadual. Por força de decisão do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) ele perdeu o mandato por fraude eleitoral. O partido dele à época, o PRTB, descumpriu a cota de gênero. Em outubro passado, retornou à política ao ser eleito vereador.
A queixa-crime
João Carlos da Conceição diz na queixa-crime, tocada pelo advogado Rodrigo Chizolini, que no vídeo postado na rede social, o vereador diz:
“Eu vou mostrar pra você, esse aqui é o senhor Jonas Carlos Conceição, liderança do MPL. Esse movimento que está bloqueando as estradas, para surpresa de ninguém é amigo do Lula e filiado ao PT. Aliás, não só filiado, já foi candidato pelo PT, partido das trevas, aqui do Mato Grosso do Sul. Aqui nessa foto a liderança desse movimento terrorista que está bloqueando as estradas no Mato Grosso do sul aparece ao lado presidente Lula, do Delcídio [ex-senador] do presidente da Cassems, Doutor Ricardo Ayache, deputado Londres Machado e aqui o maior absurdo de todos: esse movimento terrorista que quer destruir o homem do campo tem aqui escondidinho na foto o deputado federal do PSDB, seu Dagoberto Nogueira, deputado da base do governador Eduardo Riedel, governador que foi eleito pelo agronegócio, que é produtor rural e teve muitos votos aí do homem do campo”.
Segue dizendo no vídeo o vereador eleito:
“Agora nós queremos saber, será que o governador do PSDB, Eduardo Riedel, concorda com esse tipo de ação de movimentos terroristas contra o agronegócio e agora bloqueando estradas tirando aí o direito de ir e vir das pessoas. Queremos uma resposta do estado do Mato Grosso do Sul. Protocolei um requerimento hoje pedindo informações e punição a esses criminosos que querem aterrorizar o nosso estado Mato Grosso do Sul”.
Em outubro de 2022, logo depois da eleição vencida pelo presidente Lula sobre o ex-presidente Jair Bolsonaro, do PL, aqui em Mato Grosso do Sul foram bloqueados ao menos 30 trechos de rodovia pelos bolsonaristas. O motivo: protesto contra a vitória de Lula. Na ocasião, Tavares não acusou ninguém de terrorista.
Diz ainda a queixa do líder sem-terra:
“Essa exposição [a divulgada pelo vereador eleito] demasiadamente agressiva tem sujeitado o querelante [João Carlos] a agressões públicas, o que envolve não apenas a si próprio, mas também seus filhos, menores que vem sofrendo ataques indiscriminados na escola e em outros locais de convivência pública”.
Além de processar o vereador por calúnia e difamação, o líder sem-terra pede que seja fixado um “valor mínimo para reparação do prejuízo” e ainda que o vídeo seja retirado das redes sociais de Tavares.
Rafael Tavares ainda não se manifestou acerca da queixa. Assim que isso acontecer, este material será atualizado.