Com salário de R$ 15,5 mil no Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul, Danillo Moya Jeronymo, 48 anos, efetuou saques em espécie de R$ 1,288 milhão entre fevereiro de 2015 e junho de 2022, segundo informações do COAF (Conselho de Controle de Atividade Financeira). Ele é sobrinho do conselheiro Osmar Domingues Jeronymo, do Tribunal de Contas do Estado, e é investigado junto com o tio e o irmão, Diego Moya Jeronymo na Operação Ultima Ratio.
Danillo era funcionário comissionado no gabinete do desembargador Luiz Tadeu Barbosa Silva, do TJMS. Ele foi exonerado do cargo de confiança pelo presidente em exercício do tribunal, desembargador Dorival Renato Pavan. Conforme o Portal da Transparência, em outubro deste ano, ele chegou a ter R$ 18.465,24 de salário.
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A Polícia Federal identificou vários saques de alto valor na conta de Danillo. Em 20 de maio de 2020, por exemplo, ele sacou R$ 250 mil em dinheiro vivo da agência Prime do Bradesco. Entre 2020 e 2022, foram feitos três saques em espécie, que totalizaram R$ 570 mil, de acordo com relatório do COAF.
No relatório da Operação Ultima Ratio, os investigadores citam outros saques, como de R$ 180 mil no dia 31 de março de 2022 e de R$ 140 mil no dia 5 de julho de 2022. No total, ele efetuou saques de R$ 1.288.427,36 ao longo de sete anos.
De acordo com a PF, a estratégia de realizar saques em dinheiro tem a finalidade de não revelar o destinatário do dinheiro. Em caso de transferência ou Pix, os federais já teriam descoberto quem se beneficiou da fortuna sacada pelo sobrinho de Osmar Jeronymo.
Danillo e o tio tiveram a prisão preventiva solicitada pela Polícia Federal. No entanto, o ministro Francisco Falcão, do Superior Tribunal de Justiça, negou o pedido e determinou o monitoramento de Osmar Jeronymo por meio de tornozeleira eletrônica e o afastamento dele do cargo de conselheiro do TCE.
Nomeado para o TCE pelo ex-governador André Puccinelli (MDB), Osmar Jeronymo era o corregedor-geral da corte fiscal e se tornou o 4º conselheiro afastado do cargo. Dos sete conselheiros do TCE, quatro estão afastados e monitorados por tornozeleira.
Jeronymo foi o principal articulador político nas gestões de Puccinelli, nos dois mandatos como prefeito da Capital e nos dois como governador do Estado. Ele já chegou a ser citado nas investigações da Operação Lama Asfáltica e voltou a entrar na mira da PF com a deflagração da Operação Mineração de Ouro, a primeira a mirar a venda de sentenças no TCE.
O conselheiro escapou da Operação Terceirização de Ouro, que levou ao afastamento dos conselheiros Iran Coelho das Neves, Ronaldo Chadid e Waldir Neves Barbosa no dia 8 de dezembro de 2022. No entanto, ele acabou caindo na Operação Ultima Ratio, deflagrada no dia 24 de outubro deste ano.