A senadora Soraya Thronicke (Podemos) será a relatora da CPI das Bets, instalada nesta terça-feira (12) no Senado. Propositora da Comissão Parlamentar de Inquérito, a parlamentar sul-mato-grossense ganhou a chance de ser uma figura central e ganhar popularidade ao abordar um tema que mobiliza a sociedade, governos e até o Judiciário. Ela será a relatora da investigação dos prejuízos para os apostadores, a atuação de organizações criminosas no crime de lavagem de dinheiro e o papel de influenciadores.
A estratégia não é nova. A própria Soraya, assim como a ex-senadora Simone Tebet (MDB), ganharam visibilidade durante a CPI da Covid, que investigou supostas omissões e irregularidades nas ações do governo do presidente Jair Bolsonaro (PL) durante a pandemia, em 2021. No ano seguinte, ambas foram candidatas a presidente da República.
Veja mais:
Soraya conquista assinaturas para abrir CPI e investigar jogos de aposta online
Soraya passa momentos de tensão em avião de Lula que voou em círculos por 4h no México
Nelsinho, Soraya e Tereza votam a favor de PEC que anistia partidos de R$ 23 bilhões em multas
Antes delas, Delcídio Amaral, então senador pelo PT, foi presidente da CPMI dos Correios, criada para investigar o pagamento de propina na estatal e revelou o escândalo conhecido como “mensalão”, em 2005, e levou à condenação de 25 réus, entre figuras do mercado financeiro e líderes partidários.
No ano seguinte, o então petista foi candidato a governador de Mato Grosso do Sul, mas perdeu para André Puccinelli (MDB), eleito em primeiro turno. Delcídio foi reeleito senador em 2010, mas depois caiu em desgraça com a derrota na disputa ao governo para Reinaldo Azambuja (PSDB), em 2014, ser preso e ter o mandato no Senado cassado em maio de 2016. Desde então, perdeu todas as eleições que concorreu, a última ainda está quente, que foi a Prefeitura de Corumbá, em outubro.
Soraya Thronicke terá um grande desafio em 2026, quando deve concorrer à reeleição no Senado. Eleita em 2018, quando era fiel defensora de Jair Bolsonaro, a advogada e empresária virou as costas para o ídolo anos depois, e passou a ser atacada pelo seu antigo eleitorado.
Como relatora da CPI das Bets, a ex-bolsonarista pode voltar a ter momentos de brilho, como na CPI da Covid, e ganhar repercussão nacional e impulso para a disputa eleitoral no ano seguinte.
“Esse assunto é seríssimo, envolve o crime organizado, envolve pessoas que têm grande projeção nacional, internacional, dificuldades na localização dos responsáveis por essas empresas. Isso aqui não é uma brincadeira e jamais terminará em pizza”, promete Soraya.
A CPI das Bets terá 110 dias para concluir os trabalhos e terá como presidente o senador Dr. Hiran (PP-RR); e o vice, Alessandro Vieira (MDB-SE).
Um dos alvos da CPI deverá ser os influenciadores digitais. Outro, a questão da saúde pública e do impacto no orçamento de milhares de famílias. Pesquisa feita pelo DataSenado mostra que são 22 milhões de apostadores por mês no Brasil.
A CPI tem o cronograma apertado. Quer agilizar as audiências e análise de documentos antes do recesso, que começa em 23 de dezembro.
A próxima reunião está marcada para a próxima terça-feira, 19 de outubro, quando começa a análise de requerimentos, entre eles o de convocação de autoridades como Ricardo Liáu, presidente do Coaf, que é o Conselho de Controle de Atividades Financeiras.