Vice-presidente afastada da OAB/MS (Ordem dos Advogados do Brasil, seccional de Mato Grosso do Sul), a advogada Camila Cavalcante Bastos criticou o uso político da Operação Ultima Ratio, da Polícia Federal, na disputa pela presidência da entidade. A chapa “Pelo futuro da OAB”, liderada por Bitto Pereira, é a favorita para vencer o pleito à reeleição, mas tem sido atacada pela oposição devido ao posicionamento no escândalo de venda e direcionamento de sentenças.
Camila é filha do desembargador Alexandre Bastos, do Tribunal de Justiça de MS, e ambos foram alvos da operação da PF. O magistrado foi afastado do cargo e deverá ser monitorado por tornozeleira eletrônica. A residência e o escritório da advogada passaram por busca e apreensão em 24 de outubro. Após o escândalo, a advogada pediu afastamento da vice-presidência da OAB/MS e desistiu de disputar a reeleição ao cargo.
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Diante das críticas que a oposição vem fazendo sobre a atual gestão da OAB/MS em relação ao envolvimento de advogados no escândalo que atingiu a mais alta cúpula do Judiciário do Estado, Camila publicou vídeo em suas redes sociais no qual critica “os abutres” que querem “destruir reputações em praça pública”.
“Queremos as cabeças, dizem os abutres. Condutas medievais em tempos de propagação de falsa renovação e esperança. Usar a provisoriedade de uma investigação se tornou capital político no Brasil para fazer show”, declara Camila Bastos, em publicação na segunda-feira (4).
“O direito no país foi confrontado, os direitos fundamentais foram subjugados para atender aventureiros tendenciosos que se utilizam do aparato do Estado para se aproveitar e adquirir mandado, ganhar voto do povo com uso de histórias veiculadas pela mídia em detrimento do direito de defesa que sequer teve início”, prossegue.
Camila afirma ser dever dos advogados socorrer os que clamam por justiça e devem agir de acordo com o que consta no processo e não se basear em publicações na imprensa.
“Até aí, nenhuma novidade. Agora isso estar no âmbito político da OAB é a maior conduta lesa pátria que poderia ocorrer na casa de Rui Barbosa. Resistir ao arbítrio, garantir ampla defesa, sustentar o devido processo, isso é obrigação de todo e qualquer advogado que um dia fez o juramento e pegou sua carteira”, afirma.
“Admitir a fala sorrateira dos que são pequenos na alma e na envergadura moral é destruir a nossa classe. Pense nisso a ouvir a rasa e oportunista fala dos que como políticos tradicionais já foram surrados pelo eleitor e estão a inaugurar tal falácia entre nós. A cabeça foi entregue, mas a voz jamais será calada”, finaliza.
As eleições para decidir a nova diretoria da OAB/MS ocorrem no dia 22 de novembro de forma presencial em Campo Grande e nas subseções por todo o Estado. O atual presidente, Bitto Pereira, concorre à reeleição e tem como adversário o advogado Lucas Rosa.