Casa feita em praça, nome da prefeita na folha secreta, sala de aula modular de R$ 250 mil feita por empresa investigada por corrupção em Coxim, a “fila da dor” e ônibus caro e ruim foram as armas da candidata de oposição, Rose Modesto (União Brasil) no debate da TV Morena, o último antes do 2º turno realizado na noite desta sexta-feira (25).
Já a prefeita Adriane Lopes (PP) recorreu a Operação Coffee Break, que acabou não denunciando a adversária, o trabalho na Sudeco e as duas empresas abertas por Rose para atacar a adversária.
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Ao longo de 90 minutos, as duas candidatas se acusaram mutuamente de mentir. Segunda mulher a assumir a prefeitura da Capital, Adriane passou o debate repetindo que era a primeira. A pioneira no Paço Municipal foi Nelly Bacha (MDB), que assumiu o comando do município quando era presidente da Câmara Municipal.
De olho na repercussão, Rose passou a maior parte do debate martelando sobre o pagamento de supersalários por meio da folha secreta. De acordo com o TCE, o pagamento de jetons e gratificações mais que dobrou os salários de alguns servidores e levaram ao gasto de R$ 386 milhões.
A novidade da noite foi que Rose citou que Adriane Lopes também engordou os próprios salários por meio da folha secreta nos meses de março, abril e novembro de 2022. A ex-superintendente da Sudeco lembrou que o TCE tomou a iniciativa de auditar a folha secreta e determinou o fim do pagamento de supersalários, que continuam sendo feitos sem a divulgação no Portal da Transparência.
Adriane não negou que não recebeu adicionais por meio da folha secreta. Como vice-prefeita, ela deveria ter salário de R$ 15 mil. Ela insistiu em dizer que procurou a corte fiscal para fazer o acordo. “Nós não temos nada a esconder”, frisou, repetiu e repetiu novamente.
A candidata de oposição aproveitou para ligar a falta de recursos ao pagamento da folha secreta, que teria beneficiado a cunhada e a prima da prefeita. “Foram R$ 386 milhões para familiares, amigos e apadrinhados”, frisou Rose, lembrando que o dinheiro fez falta na saúde e na educação.
Outro ponto apontado pela candidata foi que a prefeita pagou supersalários, mas não efetuou o desconto do Imposto de Renda nem da previdência social. A professora estimou que a Receita Federal pode aplicar multa de R$ 1 bilhão na prefeitura pela sonegação do IR.
Coffee Break
Adriane recorreu a Operação Coffee Break, que já foi usada contra Rose em 2016 e na disputa do Governo em 2022, apesar da candidata não ter sido denunciada pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) por ter integrado a organização criminosa, que contou com outros políticos, como o presidente da Câmara Municipal, Carlos Augusto Borges, o Carlão (PSDB), o ex-governador André Puccinelli (MDB), entre outros.
Na versão da prefeita, a ex-superintendente da Sudeco foi acusada e intimada a prestar depoimento na Polícia Federal sobre o assunto. “É fake news, agora sei de onde vem (essa mentira”, reagiu Rose, sobre o vídeo em que espalharam nas redes sociais e nos grupos de aplicativos a ligando ao ex-prefeito Gilmar Olarte (sem partido).
Apesar de não apresentar provas, Adriane insistiu em atacar a adversária, acusando-a de ter sido investigada pela PF e deter feito negociatas com Olarte. Rose reagiu dizendo que a negociação foi feita pelo PSDB, partido do governador Eduardo Riedel, que apoia a atual prefeita.
Casa da prefeita
Rose contou que a casa da prefeita Adriane Lopes foi construída em uma área destinada para ser uma praça no Bairro Carandá Bosque. “Comprou a praça pública e pagou R$ 107 mil em 12 parcelas”, lembrou a candidata do União Brasil.
Adriane confirmou que comprou a área pública, mas frisou que a alienação foi aprovada pela Cãmara Municipal.” “Tenho escritura pública, documento, mora há mais de 15 anos e você aprovou a desafetação”, reagiu a prefeita.
Rose insistiu na polêmica “Era para ser uma praça no Carandá Bosque, mas virou a cadsa da prefeita”, lamentou a candidata.
Sala de 250 mil
A candidata de oposição voltou a usar a construção das salas modulares por R$ 250 mil, valor que considerou exorbitante. No entanto, ela não se referiu a “sala de lata”, como tinha adotado no debate anterior.
Professora da rede municipal por mais de 10 anos, Rose afirmou que não houve licitação para contratar a empresa para a construção das 166 salas modulares por R$ 42 milhões. Ela destacou que o grupo é investigado pelo MPE em Coxim por irregularidades na prestação de serviços.
Adriane fugiu da resposta, mas destacou os feitos na educação, como a reforma de 205 escolas, a construção das salas modulares e do pagamento do piso de 20h para os professores. A adversária reagiu e destacou que o acordo com os professores prorrogou o pagamento do piso até 2028.
Perda de ICMS
A perda de ICMS por Campo Grande, que teve a participação no bolo dos municípios reduzida de 22% para 11%. Rose lamentou que a cidade tenha perdido R$ 1 bilhão entre 2018 e 2023, mas sem que a adversária usasse o apoio de Riedel ou fosse à Justiça para reduzir as perdas.
Adriane ignorou a pergunta e destacou as “realizações” na economia, como 20 mil empresas, redução da burocracia para abrir empresa de dois a três dias para seis horas e a lei da liberdade econômica, sancionada durante a campanha eleitoral.
Ainda sobre economia, a ex-deputada federal disse que o governador Eduardo Riedel atraiu investimentos de R$ 50 bilhões para o Estado, mas nenhum centavo foi aplicado em Campo Grande devido a gestão de Adriane.
Ataques da prefeita
Adriane usou a criação de empresas por Rose, uma em Porto Velho (RO), e outra na Capital. Ela também recorreu ao trabalho na Sudeco, de que não teria feito nada por Campo Grande, e da votação de um projeto, na gestão de Jair Bolsonaro (PL), de que deixaria o funcionalismo sem reajuste por 15 anos.
Rose reagiu repetindo que a prefeita “mente” sobre a empresa e sobre o projeto. No debate do Midiamax, a ex-deputada já tinha negado que votou contra os servidores e disponibilizou cópia da votação na Cãmara do Deputados nas redes sociais.
Adriane disse que Rose fala em orçamento de R$ 11 bilhões, mas só teria trazido R$ 2 milhões para Campo Grande. A prefeita insistiu que a ex-superintendente não tinha informado quantas empresas foram beneficiadas e qual o montante investido na Capital.
Ao longo do debate, Rose Modesto repetiu, por três vezes, que destinou R$ 388 milhões para a Capital e contemplou mais de mil empresas. Ao ser questionado pela 4ª vez, ela disse que não responderia mais.
Mentiras
Adriane usou vários pontos do debate para atacar a adversária, como chama-la de “rainha da fake news”, de que foi “investigada pela PF” e de que não fez nada como superintendente da Sudeco. No entanto, a todo momento, repetia que estava sendo alvo de ataques da adversária.
Por outro lado, a prefeita admitiu que o ônibus do transporte coletivo é ruim e precisa melhorar. Ela prometeu que “ônibus até com ar-condicionado” após a eleição. Também concordou que a situação na saúde é grave e precisa melhorar.
Rose também acusou a prefeita de propagar mentiras no debate. “Montou um grande esquema da família, com a cunhada, a prima. A pessoa se diz cristã e fica o tempo todo mentindo”, lamentou.
As duas trocaram farpas ainda sobre falta de leitos nos hospitais, o atendimento na educação para crianças com deficiência, transporte coletivo ruim, os alagamentos e mobilidade urbana.