Debate promovido pelo site Midiamax, o primeiro envolvendo as concorrentes no segundo turno pela prefeitura de Campo Grande, a prefeita Adriane Lopes, do PP, e Rose Modesto, do União Brasil, começou e terminou com ataques e contra-ataques das candidatas. Fosse um jogo de futebol, o resultado seria um empate de um a um ou dois a dois, no máximo, diria o comentarista da partida. E o jogo contou com dois VAR, como é chamado o árbitro assistente de vídeo, que concedeu dois direitos de respostas, um a cada concorrente.
Tanto Rose quanto Adriane trocaram insultos o tempo todo. Elas se acusaram de mentir e espalhar fake news durante a campanha.
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Debate foi duro, agora o eleitor campo-grandense tem cinco dias para aguardar a final, que ocorre no domingo, 27.
O debate seguiu a variabilidade também apontada pelas últimas pesquisas indicando as intenções de votos.
Ora Adriane aparece em primeiro, ora Rose surge lá em cima. Daqui ao dia do pleito, mais de dois levantamentos eleitorais devem ser divulgados por dia. Haja números que devem seguir a gangorra que deve apontar as favoritas.
Quem viu o debate notou que Adriane e Rose, ao menos no discurso, sabem exatamente o que a cidade precisa e o que fazer.
Contudo, uma elástica distância difere uma campanha eleitoral do cumprimento de mandato.
Logo no início do embate, Rose cobrou da adversária o motivo de escapar do debate articulado pelo SBT e o Topmidianews, semana passada. Adriane disse ter faltado à mesa-redonda porque recebia naquele dia “celebridades” de seu partido, ex-primeira-dama Michele Bolsonaro uma delas.
Logo caiu na discussão o assunto da vez que já dura semanas: a tal folha secreta que a prefeitura paga milhares de reais a “notáveis” servidores da prefeitura municipal e isso não é contado oficialmente, nos papeis, no portal da Transparência.
Irritada, Adriane, com decisão judicial na mão disse que a concorrente não poderia nem sequer tratar do assunto porque um juiz da cidade havia lhe concedido recurso que proibia que o tema fosse explorado no período eleitoral.
Disse ainda que o ex-prefeito Marquinhos Trad, do PDT, era quem devia responder à questão. Adriane era a vice-prefeita da cidade até março de 2022, período que o então prefeito renunciou ao cargo para concorrer ao governo estadual.
Antes unidos feito amigos para sempre, Adriane foi vice de Marquinhos por quase seis anos e, agora, pelo notado no debate, viraram tenazes rivais.
Inclusive, a atual prefeita que busca a reeleição sugeriu a Rose que a pergunta deveria ser destinada ao “parceiro dela”, já que hoje o ex-prefeito sobe no palanque da candidata do União Brasil.
A decisão judicial proíbe Rose de comentar a tal folha secreta na propaganda eleitoral, não em debates. Então, o assunto durou até o fim das discussões. Para quem assistiu ao confronto eleitoral ficou a dúvida, afinal, a prefeitura, com Marquinhos ou Adriane pagou ou ainda paga altos salários a determinados servidores?
Não é de hoje que o assunto rola em conversas políticas e até entre usuários do transporte coletivo.
Na boa, quem deveria responder e tomar providências iniciais seria o TCE (Tribunal de Contas Estadual), corte que só existe para fiscalizar os recursos que giram nos órgãos públicos.
Ou, o Ministério Público de Mato Grosso do Sul, se provocado.
Rose seguiu no ataque dizendo que recente chuvarada caída na cidade, de meia hora, reduziu a farelo trechos de asfalto espalhado pela capital sul-mato-grossense.
Emendou citando que unidades de saúde estariam sem remédios para a população.
De novo, Adriane recorreu à tangência. Afirmou que antes um servidor da saúde teria boicotado a distribuição dos medicamentos. E que hoje, tal servidor, cujo nome não foi citado, se juntou à campanha eleitoral de Rose. Já os remédios, dipirona entre os quais, estariam sendo repostos nas prateleiras das farmácias municipais.
Lá pelas tantas do debate, Adriane disparou que Rose seria dona de empresa, informação que teria omitido do Tribunal Regional Eleitoral. A candidata do União Brasil confirmou que toca a empresa, que seria de reparos em automóveis, junto à família, mas que tal empreendimento nunca teria firmado contrato com os órgãos públicos.
A questão levantada por Adriane quis, de fato, saber o motivo de Rose não contar à justiça eleitoral que era empresária. Uma das firmas em questão funciona no estado de Rondônia, consta da declaração feita o Tribuna Regional Eleitoral.
Tanto a questão da folha secreta quanto as empresas de Rose ficaram assim, sem respostas. Autoridades com força de investigar o caso também devem ter assistido ao debate.
As discussões entraram no campo político. Adriane quis dizer que Rose fica zanzando em siglas partidárias e que não seria fiel aos colegas de siglas. Ela falou por mais de uma vez que Rose integrava o governo de Lula por chefiar por um período a Sudeco, a Superintendência de Desenvolvimento do Centro-Oeste). E, enquanto chefe da Sudeco, Rose trouxe poucos recursos para Campo Grande.
Como seria, então, se eleita, a relação política com o governador de MS, Eduardo Riedel, do PSDB, que hoje apoia Adriane Lopes, que é apoiado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro.
Rose disse que mantém cordial relação política com o governador e que isso, em caso de vitória, não seria “problema” ao município. E, quando era deputada federal “ajudou” Bolsonaro a governar. Ou seja, nunca esteve de mal com ninguém.
Adriane repetiu também por mais de vez o apoio que recebe da senadora Tereza Cristina, do PP. Rose não ficou para trás e avisou que em caso de eleição vai conversar com Tereza.
Ou seja, se Adriane vencer já conta com a parceria política da senadora e do governador. E, se for o contrário, Rose vai recorrer ao diálogo.
É isso, o jogo termina no domingo e deve ser uma das partidas mais disputadas e vistas em Campo Grande já há décadas. É com vocês, eleitor e eleitora.