Frente a frente no primeiro debate do segundo turno, promovido pelo jornal Midiamax, Adriane Lopes (PP) e Rose Modesto (União Brasil) fizeram um duelo equilibrado pela prefeitura de Campo Grande. Mas alguns temas se mostraram explosivos, como a folha secreta, a dipirona e uma novidade: o governador Eduardo Riedel (PSDB).
Prefeita de Campo Grande e candidata à reeleição, Adriane voltou a se apresentar como herdeira de uma administração falida. Ela sustenta que fez muito em dois anos. Porém, precisa de mais tempo.
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Na busca pela cadeira de prefeita, Rose Modesto fez questão de citar que Adriane era vice desde 2016 na gestão de Marquinhos Trad (PDT), que renunciou em abril de 2022. Aliás, o tempo foi uma questão bastante citada pelas candidatas.
Na matemática de Rose, Adriane já conta com praticamente três anos de gestão. No cálculo de Adriane, foram dois anos como prefeita. Já no fim o debate, elas pareceram concordar em dois anos e meio de mandato. Na ponta do lápis, Adriane assumiu em 2 de abril de 2022, portanto, são dois anos e seis meses. Até dezembro, serão dois anos e oito meses.
Nos pontos explosivos, a folha secreta rendeu até pedido de direito de resposta por parte de Adriane. Rose Modesto questionou se a prefeita vai publicar no Portal das Transparência as folhas 8 e 14, que pagaria super salários para servidores privilegiados. Adriane tirou da manga uma decisão da Justiça Eleitoral, que saiu às 17h35 de segunda-feira. Ela disse que a Rose não poderia falar sobre o tema e disparou: “Folha secreta é fake news no meu governo. Chega desse assunto”.
Rose rebateu que o levantamento foi do TCE (Tribunal de Contas do Estado) e que a soma milionária de R$ 386 milhões custearia um Hospital Municipal sem empréstimo e sobraria dinheiro para 21 Emeis (Escola Municipal de Educação Infantil).
A dipirona, que tem preço de R$ 4,85 nas farmácias (na versão em gotas), também marcou presença no debate, a exemplo do primeiro turno. A falta de um medicamento tão básico na rede pública ajudou a puxar o fio da meada dos problemas da Saúde. Neste capítulo, Adriane disse que sofreu boicote de um servidor que seria aliado de Rose e, portanto, não entregava o medicamento. Rose alegou que a falta de remédios é uma constante e aconselhou: “tira mais gente, então”.
Até no dia 6 de outubro na campanha de Beto Pereira (PSDB) a prefeito, o governador Eduardo Riedel (PSDB) teve o nome citado a exaustão no debate. O apoio dele a Adriane, decisão tomada após o primeiro turno, foi bastante exaltado pela prefeita. A candidata do PP garantiu que a parceria com o governador será fundamental para tirar propostas do seu plano de gestão do papel. Na análise da prefeita, a concorrente teria dificuldade por ter feito campanha contra Riedel em 2022.
Rose alegou que o apoio ao Capitão Contar naquele segundo turno não deixou rusgas, inclusive, depois do episódio, foi “ungida” pelo govenador de MS para assumir a Sudeco (Superintendência de Desenvolvimento do Centro-Oeste).
No campo de padrinhos políticos, Adriane deu mais visibilidade a senadora Tereza Cristina (PP) e a Riedel do que ao próprio ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Depois de ver ele apoiar Beto no primeiro turno, ela conquistou as bençãos de Bolsonaro, inclusive com a vinda da ex-primeira-dama Michele Bolsonaro para reforçar a campanha. Contudo, sobre a visita, Adriane só pediu desculpas por não comparecer ao primeiro debate que estava agendado no SBT. Porém, sem citar a vinda de Michele, agenda que priorizou em detrimento do debate.
Nas propostas, o eleitor viu Adriane prometer mais 400 km de asfalto, anunciar que construiu uma casa por dia a cada seis meses, a regularização fundiária para 7 mil famílias, o projeto para fazer o Hospital Municipal e o recapeamento da Avenida Ernesto Geisel: “foram 30 anos de obra paralisada”. No entanto, a obra só está parada há três anos.
Rose prometeu solução rápida para a “fila da dor”, como chama a espera de 70 mil pessoas por atendimento médico. “Não vou demorar nem um ano, vai ser em cem dias de governo”.
As candidatas se mostraram bem municiadas de informações sobre a cidade. O único momento que se aproximou de uma pegadinha, ensaiando render um clímax, foi quando Adriane interpelou Rose sobre o fato de ela ser sócia em duas empresas, sendo uma delas em Rondônia. A candidata do União Brasil declarou que são pequenas empresas e sem contratos com o poder público.
O assunto não se prolongou e os próximos capítulos se desenrolam no debate da TV Morena, marcado para sexta-feira.