Os clubes decidiram colocar um ponto final no reinado de quase três décadas de Francisco Cezário de Oliveira, 78 anos, sobre o futebol de Mato Grosso do Sul. Este é mais um capítulo da derrocada do agora ex-presidente da Federação de Futebol de MS, que teve início com a Operação Cartão Vermelho e a denúncia pelo desvio de R$ 10 milhões da FFMS e pelos crimes de corrupção e organização criminosa.
Assembleia extraordinária nesta segunda-feira (14) marcou oficialmente o fim da gestão Cezário. Em votação secreta, oito clubes profissionais da 1ª divisão foram a favor da destituição do presidente afastado, três se posicionaram contra. Das demais agremiações, houve empate de seis a favor e seis contra. Entre os amadores, oito foram a favor e um contra.
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Como existe diferença no ‘peso’ entre os clubes votantes, o placar final foi de 44 votos a favor da destituição de Francisco Cezário e 21, contra. Os votos dos clubes que disputaram a Série A neste ano valem por três, os que estão em outras divisões têm peso dois, e os amadores, um.
Julio Cesar Marques, advogado de Cezário, declarou que vai recorrer à Justiça para anular a assembleia. O defensor alega que não foi intimado para apresentar defesa formal no prazo legal, além de outras irregularidades.
O mandato de Francisco Cezário iria até 2027, quando completará 81 anos. Seriam mais de três décadas no comando da federação de futebol, mas o reinado foi encerrado com 28 anos de duração. O presidente em exercício, Estevão Petrallás, e os clubes decidiram marcar para 1º de novembro a eleição do novo mandatário da FFMS.
Foi cogitado que o TJD (Tribunal de Justiça Desportiva) organizasse o pleito, mas foi rejeitado por não haver previsão no estatuto da federação de MS. Durante a assembleia, foram definidos três membros representantes dos clubes para compor a comissão eleitoral.
A Operação Cartão Vermelho levou o ex-presidente da FFMS a passar duas temporadas preso. Na primeira, foi liberado por habeas corpus concedido pela desembargadora Elizabete Anache, do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul. Na segunda, ficou 17 dias no Presídio Militar Estadual, após descumprir medidas cautelares.
O juiz Márcio Alexandre Wust, da 6ª Vara Criminal, revogou a prisão preventiva após a defesa comprovar que as determinações do juízo não foram descumpridas.
O Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) denunciou Francisco Cezário de Oliveira e mais 11 pessoas, inclusive quatro sobrinhos, pelo desvio de R$ 10 milhões. Eles são acusados pelos crimes de peculato, organização criminosa e até furto qualificado. O processo tramita em sigilo.