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    No Divã Em Paris – Paul Ricoeur, um filósofo protestante

    Especial para O JacaréBy Especial para O Jacaré12/10/20244 Mins Read
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    Mário Pinheiro, de Paris – A filosofia de Paul Ricoeur (1913-2005) não se reduz ao tema político, ela se aplica também a reflexões da problemática do agir diante dos fatores econômicos que decidem sobre a miséria e condição de vida deplorável de muita gente. Ele viveu a crise econômica francesa estourada pela bolsa de Nova Yorque de 1929, a fila de pessoas em busca de pão, um pouco de açucar e outros condimentos na França durante a dura crise perpetrada pelo nascimento dos regimes de extrema direita. Se na Alemanha despontava um líder que babava ódio contra judeus, na Espanha, Itália e Portugal outros ditadores também nasciam.

    Ricouer perdeu a mãe quando nasceu e seu pai morreu no mesmo campo de combate em que esteve o pai de Albert Camus na primeira guerra mundial, na Marne en 1915, ao leste de Paris. Ricouer era protestante progressista e um militante pela causa dos estudantes da Sorbonne e de Nanterre, onde foi diretor e professor.

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    Os tempos eram outros, um período em que o Brasil estava subdesenvolvido, atrasado, e a educação não estava ao alcance dos pobres. O órfão Ricouer não ficou debilitado pela falta dos pais e se formou em filosofia. O tempo é testemunha do nascimento dos movimentos de extrema direita e do antissemitismo judeu. O antissemitismo era a vertente de extrema direita de quem queria a volta da monarquia.

    Ricoeur é um discípulo da fenomenologia e da hermenêutica, ele enfatiza a ação e o agir em cada pessoa. Ele esteve na segunda guerra enquanto oficial de reserva, foi prisioneiro do nazismo e enviado a um campo de trabalho forçado.

    A punição dos nazistas não impediu que Ricoeur trabalhasse a obra de Karl Jaspers, mas sua maior influência veio de Martin Heidegger, Emmanuel Kant, e da fenomenologia do espírito desenvolvida pelo existencialista Merleau-Ponty. No campo religioso ele lia Emmanuel Mounier que fala muito do ver, julgar e agir.

    O agir é também muito conhecido pelos militantes das comunidades eclesiais de base que herdaram esta prática do movimento de educação de base, criado nos alicerces pastorais da igreja católica do Brasil, mas oriundos da Bélgica e França. Ricoeur não conheceu as pastorais brasileiras, mas os intelectuais brasileiros antenados nas raízes da filosofia cristã sempre deram ênfase à lógica da filosofia francesa de Régis Jolivet. Jolivet era padre, formado em Lyon, filósofo especialista de Thomas de Aquino.

    Jolivet era a única cartilha usada no curso de filosofia juntamente com outros nomes ligados ao cristianismo dos padres salesianos de Campo Grande e qualquer outra corrente de pensamento fora do cristianismo como Nietzsche, Sartre, ou outro ateu, era rejeitado. Heidegger, que fez parte das pesquisas de Ricoeur, foi um seminarista católico, e se interessou por Aristóteles e o platonismo.

    Ele foi contemporâneo de Sartre, Camus, Simone de Beauvoir, Merleau-Ponty, Jacques Derrida, Deleuze e Claude Lévis-Strauss, mas seu militantismo de intelectual-cristão não era de chamar atenção porque os outros eram ateus, muito embora Camus tivesse grande admiração por São Francisco de Assis. A coerência da ação vem da reflexão, da lógica e da experiência de cada pessoa.

    Seus trabalhos mais importantes foram publicados nos Estados Unidos, onde ele lecionou por vários anos. Em Nanterre onde fez parte do corpo docente, contratou Emmanuel Lévinas. Juntos, eles desenvolveram questões éticas de justiça, de responsabilidade e a vulnerabilidade do outro.

    (*) Mário Pinheiro é jornalista pela UFMS, mestre em Sociologia da Comunicação, filósofo e doutor em Ciências Políticas ambos por Dauphine, Paris. Ele escreve aos sábados.

    coluna de sábado de o jacaré MÁRIO PINHEIRO NO DIVÃ EM PARIS opinião

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