Pouco recurso para a campanha e adversário que fugiu dos debates seriam motivos que justificariam a derrota de Tiago Botelho, do PT, que concorreu à prefeitura de Dourados, a segunda potência econômica de Mato Grosso do Sul, vencida pelo radialista e ex-parlamentar Marçal Filho, do PSDB.
“Acho que Dourados verá um novo Bernal, mas o tempo dirá”, disse o petista numa comparação ao ex-prefeito Alcides Bernal, de Campo Grande, que foi afastado em 2013, por supostas irregularidades na gestão. Depois, contudo, Bernal recuperou o mandato e o levou até o fim. Não foi mais reeleito.
Veja mais:
Pesquisas falham e TV Morena passa vergonha de novo; Ranking acerta com boca de urna
Boca de urna do Ranking Brasil aponta Adriane e Rose com 30% e Beto com 26%
Candidatos votam confiantes de estar no 2º turno e esperança de surpreender nas urnas
Embora ficando em terceiro na disputa, Botelho acha que “o PT de Dourados mostrou que está organizando e disposto a fazer o enfrentamento político em favor do povo”. A sigla elegeu dois vereadores e uma concorrente indígena ficou na primeira suplência.
Tiago Botelho, professor universitário, disse ao O Jacaré que “tanto o Marçal [eleito] quanto o Alan [Guedes, atual prefeito, do PP] não esperavam o nosso desempenho eleitoral e o enfrentamento que fizemos”.
Para o petista, “Marçal, apesar de eleito, é um homem covarde, vaidoso e desesperado. Tem um plano de governo de duas páginas e meia e tem medo de ser confrontado, ao ponto que não teve coragem de ir a nenhum debate. Preferiu se fazer de coitado e que estava sendo atacado”.
Desmerecida a justificativa de Marçal, pela falta nos debates, segundo Tiago:
“Justo o dono da rádio que ataca e critica todos os políticos. Mostrou despreparo e que o douradense pode esperar um prefeito sem diálogo e que não aceita ser criticado. Todavia, foi escolhido pelo povo e, diferente da direita, eu respeito e desejo sucesso”, interpretou o candidato derrotado do PT.
Tiago criticou ainda o atual prefeito que queria a reeleição:
“Alan [prefeito], para mim, é o grande derrotado da eleição. Tinha obrigação de mostrar desempenho melhor. É o prefeito, mas mesmo com a máquina na mão, se isolou politicamente e achou que conseguiria às vésperas da eleição mostrar trabalho que se salvaria. Mesmo gastando muito dinheiro na campanha foi derrotado e a população deu o recado”.
Críticas ao partido
Marçal Filho, o prefeito eleito, segundo dados do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) arrecadou R$ 1,8 milhão para a campanha; já o prefeito Alan, R$ 836,9 mil e, Tiago Botelho, R$ 562 mil. Marçal foi eleito com 60,4 mil votos (50,5% dos votos válidos); Alan Guedes ficou em segundo com 34 mil votos (28%) e Tiago, 17,8 mil votos (14,78%), o terceiro mais votado.
Tiago criticou seu partido pelo recurso limitado que teve para custear a campanha eleitoral:
“O PT precisa ter mais prioridade se quer construir novas lideranças. Veja que o resultado da eleição segue a quantia do fundo eleitoral. Marçal e Alan com campanhas milionárias e a gente com uma campanha muito limitada. Portanto, faltou recurso do PT e esse debate eu farei internamente no meu partido. Para surgir novas lideranças é preciso ter prioridade”.
Tiago Botelho disparou críticas ao meio imposto por seu adversário, que o venceu, ao desenvolver a campanha.
“Minha impressão dessa eleição é que o poderio econômico e a classe política de Campo Grande, infelizmente, segue ditando os rumos da vida administrativa em Dourados. Marçal ao invés de apresentar propostas, que não tem, preferiu contratar cabo eleitoral e fugir dos debates. É tanto pouco caso que ele apresentou um plano de governo para administrar Dourados de duas páginas”, disse o petista, que acrescentou:
“Marçal é o prefeito que o Azambuja [Reinaldo, o ex-governador de MS] escolheu. Por ter uma emissora de rádio Marçal não tem apenas eleitores, ele possui fãs. Acho que Dourados verá um novo Bernal, mas o tempo dirá. Eu o desejo sucesso. A bancada do PT e eu vamos cobrar e fiscalizar a gestão de poucas propostas.
Ataques
Tiago recordou ainda que durante sua campanha, sofreu ameaças:
“Quanto as ameaças foram várias, mas não me intimido. Nossa luta passa exatamente por acreditar na política e contra quem tenta deturpar a política. Teve ameaça de morte, injúria, difamação e calúnia, mas não me rendo e não tenho medo!”, bradou o petista.
Tiago Botelho também comentou seu futuro político. Deixou a entender que pode concorrer a uma vaga de deputado federal nas eleições de 2026.
“A gente vem mostrando um bom desempenho na eleição de Senado [em 2022} e prefeito [agora] mesmo sendo o candidato com menor investimento financeiro. Quero ir a Brasília discutir na Casa Civil quais os novos rumos. Minha aposta é que Dourados merece um deputado federal que represente a grande Dourados, o Sul Fronteira, o Conesul e o Vale do Ivinhema. Estou para ajudar o povo e o presidente Lula e com eles vamos definir qual o novo projeto que queremos. Por ora, volto para universidade, pois não sou profissional da política. Tenho emprego concursado”.
O vitorioso
Marçal Filho, o prefeito eleito de Dourados, disputou com a aliança composta por nove siglas, Solidariedade, PSB, Republicanos, Pode, PSD, MDB, União Brasil e PL e Cidadania. Além da campanha mais cara, cotou com o maior tempo no horário eleitoral. Gianni Nogueira, do PL, é a vice de Marçal.
Ele prometeu construir novas UPAs e ampliar vagas nas creches municipais, as conhecidas Ceinfs.