Candidatos à prefeitura de Campo Grande, Camila Jara, do PT e Luso Queiroz, do PSOL, podem sentirem-se vitoriosos pelo que disseram e ouviram ontem (3) à noite no debate promovido pela TV Morena. Entre os cinco concorrentes que disputam o pleito no domingo, nada respingou contra Camila nem Luso.
Os dois agiram como flechas, focando suas críticas, principalmente, na prefeita que busca a reeleição, Adriane Lopes, do PP.
Aliás, Adriane levou encontrões o tempo todo no debate, último antes do primeiro turno. Todos os adversários bateram na gestão dela, que defendeu-se ou tentou isso como pode.
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A eleição deste ano, uma das mais intensas por décadas atrás, indicam as pesquisas divulgadas, não conta com favorito ou favorita. Ao menos até esta sexta-feira, dia 4, não há como, com segurança, arriscar os nomes dos dois primeiros que seguem a disputa num segundo turno. Rose sempre apareceu na liderança, mas com um percentual pouco distantes dos adversários.
E por que Luso e Camila teriam sido os melhores no embate?
O candidato Beto Pereira, do PSDB, foi questionado por mais de uma vez se era, ou não, ficha suja por supostas irregularidades em suas contas no período que era prefeito da cidade de Terenos.
Embora tenha jurado que nada fez de errado a resposta, na realidade, instiga a uma outra pergunta.
Beto disse que as autoridades o designa como ficha limpa, o MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) um deles.
O tucano afirmou de modo categórico que o MP não o investiga. Quem apontou irregularidade na conta da gestão dele foi o TCE, Tribunal de Contas do Estado, corte que só existe para investigar o destino dos recursos públicos que rolam na esfera estadual.
Ora, então, seria missão imperiosa a apuração. O TCE deveria informar o MP ter visto erro na conta do candidato. Agora, se o MP não agiu mesmo sendo alertado pela corte fiscal, a acusação ruma para um outro lado que se chamaria prevaricação.
Ou seja, o MP teria descumprido uma relevante tarefa, que seria o de saber ao certo o motivo sustentado pelo TCE, que acusa o candidato Beto. Em programas eleitorais, o tucano mostra um papel que diz ser do MP, uma espécie de “nada consta” contra ele. O candidato tucano, além de desprezar o relatório do TCE, disse ainda que a investigação contra ele teria sido conduzida por uma quadrilha.
Ainda no embate acerca da “ficha suja” ou “ficha limpa”, sobrou para as candidatas Adriane Lopes e Rose Modesto, do União Brasil.
Adriane teria falhado, segundo adversários, e feio, ao pagar servidores municipais numa folha secreta. Adriane não negou que a prefeitura fez isso e disse que o “método” incorreto é uma herança maldita que se arrastou por décadas, na prefeitura, desde o tempo que a cidade era administrada por André Puccinelli, também ex-governador de Mato Grosso do Sul, hoje aliado ao candidato tucano.
Beto disparou também contra a candidata Rose, que teria participado de um esquema que provocou o impeachment do ex-prefeito da cidade, Alcides Bernal, em 2013.
Ela negou qualquer fraude e disse ter votado pela cassação de Bernal apegando-se a “critérios técnicos”. Vinte e três dos 29 vereadores quiseram o afastamento de Bernal. O caso virou operação policial, o ex-prefeito catou de volta o mandato por força judicial e muitos vereadores que quiseram o fim político de Bernal não se reergueram, ou seja, não foram eleitos de novo.
Enquanto Beto, Rose e Adriane se digladiavam verbalmente, Camila e Luso apenas assistam ao confronto.
Os dois, depois, retomaram os ataques contra Adriane, como em outros debates, por falta de remédios nas unidades de saúde municipais, dipirona um deles e ainda a projetada construção de um hospital em bairro nobre da cidade, onde “nem ônibus passa”.
Adriane ainda recebeu ataques pelas obras inacabadas. Ela se defendeu ao dizer que os dois anos de poder não foram suficientes para concluir o que a cidade precisa, mas que, se reeleita for, deve terminar nos próximos quatro anos.
Luso e Camila, que já foi vereadora e cumpre mandato de deputada federal, com idades que giram em torno de 30 anos, ainda que percam este pleito, devem durar por décadas na política sul-mato-grossense diante de suas atuações no segmento social.
E, claro, por demonstrarem lucidez nos argumentos sustentados na discussão de ontem à noite.
Ponto alto do debate da TV Morena: a mediação da jornalista Lucimar Lescano, que tocou o confronto sem qualquer distração.