Enfim, um debate com cara de debate. Foi o notado ontem à noite com os sete dos oito candidatos que concorrem à prefeitura de Campo Grande na peleja promovida pelo portal Midiamax. Sem discussões firmes, bate-boca mal proporcionado, nem um xingamento. Mas, restou ataques.
Beto Pereira (PSDB) arremeteu críticas, principalmente contra a prefeita que quer a reeleição, Adriane Lopes (PP). Rose (União Brasil) deu vários chega para lá também em Adriane. Mas os dois atacadores levaram suas pedradas, um deles Beto Pereira pelas contas reprovadas enquanto prefeito de Terenos.
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Rose o tachou de “ficha suja”. A candidata do União Brasil, que se gaba pelos feitos que teria beneficiado Campo Grande, enquanto vereadora, vice-governadora, deputada federal e chefe da Sudeco teve de ouvir de Adriane que, embora o barulho, muito pouco teria feito por Campo Grande.
Viu-se no debate que Adriane, alvo preferido dos adversários, também sabe bater.
E assim seguiu o debate. Uma só candidata conquistou o direito de resposta: Adriane, que se sentiu pisada pela concorrente do PT, Camila Jara.
Agora, difícil, seria o de apontar se houve ou não um vencedor na mesa-redonda em questão. Os sete concorrentes mostraram-se preparados. Nenhum gaguejo, os adversários haviam decorado e bem as respostas.
Logo no início um embate entre os Betos: Figueiró, do Novo, disse que antes deste pleito, era comum o tucano votar em projetos conduzidos pelo espectro político, o da direita. Agora, aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro, do PL, o tucano teria mudado o rumo ideológico.
Figueiró e Pereira entraram numa discórdia profunda desde o início da campanha. É que Figueiró, bolsonarista de carteirinha nada gostou de ver o adversário conquistar o apoio do ex-presidente. Ciumeira e decepção com o mais expressivo político do PL robusteceram a briga dos Betos.
Mas para a frente, o candidato Ubirajara Martins (DC) criticou a prefeita Adriane por ela pôr em prática o projeto de construir um hospital municipal. Adriane disse a ele que melhor seria construir um hospital do que gastar R$ 40 milhões anuais para pagar por leitos de outros hospitais.
Adriane Lopes foi duramente escrachada também por falta de escolas municipais de Educação Infantil.
Ao ponto de a candidata do PT, Camila Jara ter dito a ela que, ao invés de apoiar Bolsonaro, em eventos realizados em São Paulo e Rio de Janeiro contra o ministro do STF, Alexandre Moraes, a candidata do PP, enquanto prefeita, deveria ter ido para Brasília captar recurso e resolvido a questão das creches.
Embate que chamou a atenção envolveu Rose e Beto Pereira, os dois mais bem avaliados até agora pelo eleitorado, segundo pesquisas de intenção de voto.
Rose chamou Beto Pereira de ficha suja pelas contas reprovadas no período que o agora deputado federal era prefeito de Terenos.
Para se defender, Beto atacou até o presidente do Tribunal de Contas, Jerson Domingos, a quem chamou de ex-presidiário. Certa vez, numa operação policial, Jerson foi levado para a delegacia porque na casa dele investigadores acharam uma arma sem registro.
Ubirajara entrou na discussão e disse que seu partido insiste na justiça em barrar a candidatura de Beto justo pelas eventuais encrencas nas contas reprovadas.
Luso Queiroz, o concorrente do PSOL, incendiou a discussão e também insultou Beto Pereira.
Ele disse que o arco de aliança abraçado pelo candidato tucano mais parece o que chamou de combo, palavra em inglês que significa sequência ou combinação. No caso, nas palavras de Luso, a crítica teria a ver com os pactos que Pereira teria firmado com os ex-governadores de MS, Reinaldo Azambuja, do PSDB, André Puccinelli, MDB e senador Nelsinho Trad, PSD. Para o candidato do PSOL, o tucano já teria “loteado” o mandato, em caso de vitória.
Camila Jara também deu seu pitaco ao dizer que as eleições passam, mas ficam “os mesmos políticos” e isso precisa mudar.
Além dos ataques entre si, houve candidatos que criticaram os resultados de pesquisas de intenções de voto. Luso Queiroz lembrou de Leo Batista, um dos apresentadores do Fantástico, programa da Globo, que dizia: olha ela aí, zebra, sempre que time fraco vencia o favorito na Loteria Esportiva.
Para Luso, o pleito deste ano, realizado daqui dois domingos, “vai dar zebra”.
Tudo certo
Os sete candidatos que debateram no Midiamax, pelo que disseram vão despertar Campo Grande economicamente. Cada um à sua maneira: plantando mais árvores na cidade para proteger o meio ambiente, criar vagas hospitalares para cuidar dos doentes, aumentar empregos, asfaltar mais ruas, erguer casas populares, pôr fim a fila de pacientes que esperam por anos atendimentos médicos e construir mais escolas.
Só não podemos esquecer que o período é eleitoral e os concorrentes querem, agora, a cadeira da prefeitura pelos próximos quatro anos.
Depois, a conversa é outra. Cabe ao eleitor ficar de olho bem atento.