Abandonado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o vereador Tiago Vargas (PP) conseguiu um apoio de peso entre as personalidades da extrema direita, do candidato a prefeito de São Paulo Pablo Marçal (PRTB). A condenação por furto qualificado em 2010 não impede a popularidade do ex-coach entre os bolsonaristas.
Com o apoio de Bolsonaro ao PSDB em Mato Grosso do Sul, que tem como candidato na Capital o deputado federal Beto Pereira, parte da direita se sentiu traída e abandonada pelo ex-presidente. Tiago Vargas, que defende a reeleição da prefeita Adriane Lopes, então, decidiu adotar Marçal como inspiração nas eleições deste ano.
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Pesquisa Quaest divulgada nessa quarta-feira (11) mostra Marçal com 23% das intenções de voto entre os paulistanos, atrás apenas de Ricardo Nunes (MDB) que tem 24%, e à frente de Guilherme Boulos (PSOL), 21%. Como a margem de erro é de três pontos percentuais, há um empate técnico triplo na liderança da disputa pela Prefeitura de São Paulo.
O levantamento é um dos indicativos de que os problemas do empresário com a Justiça não são um empecilho para receber o apoio do bolsonarismo, que têm entre suas bases o discurso do combate à corrupção.
Pablo Marçal foi preso provisoriamente em 2005, quando tinha 18 anos. Ele foi detido no âmbito de uma investigação que envolveu criminosos condenados por desvio de dinheiro de contas bancárias.
O candidato do PRTB foi condenado em 2010 por furto qualificado. Ele recebeu a condenação do TRF-1 (Tribunal Regional Federal da 1ª Região) a quatro anos e cinco meses de prisão. De acordo com a acusação, ele participou, em meados de 2005, de uma organização criminosa que invadia contas bancárias pela internet.
No entanto, em razão da demora para o tribunal apreciar o caso, houve prescrição punitiva, ou seja, Marçal, embora considerado culpado, ficou livre de cumprir a pena.
Marçal é investigado por supostos crimes nas eleições de 2022, quando se candidatou à presidência. O influencer é suspeito de falsidade ideológica eleitoral, apropriação indébita eleitoral e lavagem de dinheiro. Além disso, também responde a pelo menos outros oito processos na Justiça comum, segundo o portal UOL.
Candidatura rejeitada
O vereador Tiago Vargas, por sua vez, teve sua candidatura à reeleição indeferida pelo juiz Ariovaldo Nantes Corrêa, da 036ª Zona Eleitoral. O motivo foi a pena de demissão do cargo de agente da Polícia Civil aplicada ao vereador pelo ex-governador Reinaldo Azambuja (PSDB) no dia 16 de julho de 2020.
Como ainda cabe recurso até o Tribunal Superior Eleitoral, Vargas mantém sua campanha nas ruas e nas redes sociais. Nessa quarta-feira (11), o parlamentar compartilhou um vídeo em que Pablo Marçal o parabeniza pela “coragem” de denunciar corruptos e pede a ele para “continuar firme” na política.
No mesmo dia, o vereador criticou a mensagem de apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ao candidato a prefeito de Campo Grande pelo PSDB, Beto Pereira.
“Meu Presidente Bolsonaro, ele nunca foi de direita, fez campanha para Geraldo Alckmin, votou pela manutenção da prisão do Daniel Silveira, assim como pela cassação do Deltan Dellagnol”, diz Tiago Vagas sobre a atuação do candidato tucano como deputado federal. Bolsonaristas consideram o PSDB como partido de esquerda.
Em 2022, Tiago Vargas também teve o registro indeferido, mas acabou disputando uma vaga e foi eleito deputado estadual com mais de 18 mil votos. No entanto, a Justiça Eleitoral confirmou a impugnação e ele acabou deixando a vaga, o que encaminha para se repetir neste ano, mas na Câmara Municipal de Campo Grande.
O vereador da Capital acumula condenações pelo Judiciário, como indenização por danos morais no valor de R$ 20 mil ao ex-governador Reinaldo Azambuja (PSDB) por chamá-lo de “corrupto”, “bandido” e “canalha”. Pelo mesmo motivo, após trânsito em julgado, terá de cumprir um ano e três meses de reclusão pelo crime de injúria.
Vargas também foi sentenciado a um ano de detenção no regime aberto por coação. Durante perícia psiquiátrica na Ageprev (Agência Previdenciária de Mato Grosso do Sul), ele ameaçou os peritos após ser questionado pelo médico oftalmologista e então vereador, Lívio Viana de Oliveira Leite, o Dr. Lívio (União Brasil).
O caso levou a abertura de boletim de ocorrência e a demissão de Tiago da Polícia Civil em julho de 2020, que o tornou inelegível por oito anos. Além disso, terá de indenizar uma jornalista em R$ 31 mil por danos morais causados por publicações no Facebook, em 2017, que atingiram a imagem da profissional.