A solidão na adolescência pode ser o prelúdio de múltiplos problemas de saúde mental na idade adulta. Esta é a descoberta de estudo que acompanhou 2.600 participantes ao longo de 20 anos e revelou uma correlação entre a solidão na adolescência e um risco aumentado de desenvolver problemas de saúde mental, como psicose, transtorno bipolar e depressão na idade adulta.
Embora a causalidade não possa ser determinada definitivamente, a associação é forte, destacando a importância de monitorar e abordar a solidão em jovens. “Encontramos uma correlação entre solidão e vários problemas de saúde mental”, diz o professor associado Rubén Rodríguez-Cano do Departamento de Psicologia da Universidade Norueguesa de Ciência e Tecnologia.
Em um novo estudo, pesquisadores estão analisando se pessoas solitárias são mais propensas a problemas como depressão e psicose. Com base no uso de medicamentos, a correlação é clara. “O risco de uma pessoa solitária também sofrer com problemas de saúde mental é maior do que para pessoas que não são solitárias”, diz Rodríguez-Cano.
Na avaliação do pesquisador, os problemas de saúde mental identificados pelo estudo são sérios e abrangentes. “Nossa pesquisa indica que a solidão aumenta o risco de desenvolver psicose, transtornos bipolares e depressão grave”. O pesquisador afirmou que “ao avaliar como a solidão se desenvolve da adolescência até a idade adulta, foi descoberto que pessoas com transtornos psicóticos e bipolares têm maior probabilidade de sentir mais solidão após a adolescência. Embora não possamos identificar causalidade em nosso estudo, a correlação entre solidão e doença mental grave é clara de uma perspectiva de longo prazo”.
Solidão e estar só são coisas diferentes
Algumas pessoas escolhem ficar sozinhas e lidam muito bem sem que isso tenha um impacto negativo em na saúde mental, mas pessoas solitárias podem realmente lutar. “Por exemplo, pessoas que estão nos estágios iniciais de doença mental durante a adolescência podem ter problemas com seus relacionamentos sociais. Isso pode fazer com que se sintam mais sozinhas, e isso piora sua psicopatologia”, enfatiza Rodríguez-Cano.
Além disso, pessoas que geralmente se sentem solitárias podem ter baixa autoestima, o que pode levar à solidão, o que por sua vez pode aumentar os transtornos mentais na idade adulta.
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Estudo monitorou milhares de pessoas por décadas
Os pesquisadores estudaram aproximadamente 2,6 mil pessoas que participaram do estudo de longo prazo Young na Noruega, que está em andamento desde 1992. Ele acompanhou milhares de pessoas que eram adolescentes na década de 1990. Agora, os pesquisadores podem, portanto, ver como os participantes se saíram ao longo de um longo período de tempo. Conforme Rodríguez-Cano, “mais de 80% dos participantes não receberam medicamentos para saúde mental durante o período do estudo.
Em outras palavras, a maioria das pessoas não luta contra problemas de saúde mental. No entanto, 12% receberam pelo menos um tipo de medicamento psicotrópico, e 7% receberam dois ou mais. No total, esses grupos consistem em quase 500 pessoas.
É preciso monitorar adolescentes solitários
“Pesquisadores, políticos e vários atores sociais, tanto em nível preventivo quanto clínico, devem monitorar a solidão durante a adolescência. Precisamos criar oportunidades para que os jovens se sintam menos sozinhos, prevenindo assim problemas de saúde mental”, conclui Rodríguez-Cano.
De acordo com os pesquisadores, a solidão está ligada, ainda, ao aumento da frequência e intensidade de pesadelos, destacando a conexão entre isolamento social e distúrbios do sono. O estudo aponta que lidar com a solidão pode potencialmente melhorar a qualidade do sono e a saúde geral.