A defesa do presidente afastado da Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul, Francisco Cezário, entrou com pedido de revogação da prisão preventiva na quarta-feira (4). O advogado Júlio César Marques afirma que o dirigente está sendo vítima de uma “injustiça” e que as visitas recebidas foram de solidariedade, e não para tratativas sobre a FFMS, e nega viagem ao Rio de Janeiro para dialogar com a CBF (Confederação Brasileira de Futebol).
“Estou lidando com a realidade triste aqui de injustiça”, diz Júlio Marques ao falar sobre a prisão de Cezário, em 28 de agosto, após ser acusado de descumprir as medidas cautelares determinadas na Operação Cartão Vermelho. O advogado relata que o ex-mandatário do futebol do Estado estava isolado da família, com sintomas de depressão, e desde que foi posto em liberdade jamais viajou para fora de Campo Grande.
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O Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), no entanto, ao pedir o retorno do ex-presidente da FFMS à prisão, afirma que ele se reuniu com presidentes de clubes e até com o executivo Júlio Brant, indicado pelo Governo do Estado para modernizar a federação, e foi à sede da CBF.
Júlio César Marques rebate as alegações. “As quatro pessoas que estiveram na casa do Cezário, no dia 6 de agosto de 2004, mesma data da assembleia da Federação, estiveram em visita de solidariedade, que o Cezário está com um princípio de depressão, mas não quer fazer tratamento”, explica.
“Ele está sozinho isolado dos sobrinhos, porque os sobrinhos também são acusados e estão de tornozeleira e não podem se visitar. Então ele está sem convívio familiar nenhum. Então o pessoal foi lá prestar solidariedade”, justifica.
O advogado descarta tratativas sobre a administração da federação. “A assembleia não era para nomeação de dirigente, era somente para votação do novo estatuto. Então a alegação de que pessoas eram para ser indicadas para cargos na federação não prospera, porque não era uma assembleia de votação ou nomeação de cargos”, argumenta.
A defesa também critica a atuação dos investigadores. Júlio Marques acredita que o Ministério Público deveria colher o depoimento dos que foram à casa de Cezário para não se basearem apenas em suspeitas.
“As quatro pessoas que foram na casa do Cezário, foram lá dia 6. O Gaeco sabia. E o Gaeco esperou até o dia 22 de agosto sem requisitar nem que seja uma condução coercitiva dessas quatro pessoas para extrair informação. Não fez isso. E sem extrair informação, suspeitou que a visita era para tratativas sobre federação”, relata.
Sobre a suposta ida do presidente afastado da FFMS ao Rio de Janeiro, o advogado argumenta que ele é monitorado 24 horas por dia pela Agepen-MS (Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário) devido ao uso de tornozeleira eletrônica e o Gaeco não requisitou as informações do monitoramento e se baseou em informações divulgadas pela imprensa.
“O Gaeco não requisitou as informações do monitoramento para saber se o Cezário foi de fato ou não ao Rio de Janeiro, porque ele não foi. Apenas com base em notícias jornalísticas de cogitação, eu até usei o termo especulativas. Porque o Cesário, em nenhum desses dias que ele esteve em liberdade, monitorado por tornozeleira eletrônica, ele saiu de Campo Grande, muito menos foi para o Rio de Janeiro”, conclui.
Francisco Cezário foi preso pela primeira vez no dia 21 de maio deste ano com a deflagração da Operação Cartão Vermelho. Após sofrer um princípio de infarto na prisão, ele foi internado e obteve a revogação da prisão preventiva. A nova prisão preventiva foi decretada pelo juiz Márcio Alexandre Wust, da 6ª Vara Criminal de Campo Grande.