A OMS (Organização Mundial de Saúde) colocou o mundo mais uma vez em alerta por conta da mpox, após o aumento de casos na República Democrática do Congo (RDC), com agravamento nos últimos dois anos. De acordo com a organização humanitária Médicos Sem Fronteira (MSF), uma nova mutação, que faz com que a doença seja transmitida de pessoa para pessoa e, assim, permite a disseminação mais rápida da infecção.
No dia 7 de agosto, o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, convocou o comitê de emergência da entidade para debater a nova estirpe da mpox. “À medida em que uma variante mais mortal da mpox se espalha por diversos países africanos, a OMS, o Centro de Controle e Prevenção de Doenças da África, governos locais e parceiros intensificam suas respostas para interromper a transmissão da doença”, escreveu Tedros Adhanom no perfil que mantém na rede social X (antigo Twitter).
Mpox pode gerar nova crise intercontinental de saúde
Com a disseminação de pessoa para pessoa, há o risco de uma nova crise intercontinental de saúde. Por enquanto, não há orientação para restrições de viagens, mas o objetivo do comitê é compreender se a situação na RDC justifica o nível máximo de alerta, que é o aplicado quando há crise na saúde pública internacional.
Somente na RDC, já foram reportados 14 mil casos e 511 mortes, até o início de agosto. Desde a confirmação dos casos, os governos do Burundi, Costa do Marfim, Quênia, Ruanda e Uganda também notificaram pacientes infectados. A nova estirpe já foi confirmada no Quênia, em Ruanda e em Uganda. Cerca de um mês antes, em 11 de julho, a OMS já havia emitido um alerta de ameaça global devido à mpox.
A mpox foi declarada uma emergência de saúde pública internacional em julho de 2022 e até maio de 2023, altura em que deixou de ser considerada uma ameaça. Na altura, circulava outra estirpe e, a mais nova registrada provoca o aparecimento de erupções cutâneas em todo o corpo, enquanto as provocadas pela anterior estavam localizadas na boca, face ou nos genitais.
Segundo o MSF, a mpox é classificada como endêmica em pelo menos 11 de um total de 26 províncias da RDC. Em razão de um aumento acentuado de casos ao longo de mais de 2 anos, autoridades sanitárias do país declararam epidemia da doença em dezembro de 2022. Em 2023, o número de infecções triplicou, chegando a 14,6 mil notificações e 654 mortes.
Leia também:
Após ‘falha’ na escolha de Ovando, Adriane terá como vice ex-diretora do IMPCG
Jerson diz que já enviou lista de contas reprovadas e cabe ao TRE barrar “fichas suja”
Gaeco pediu a prisão preventiva de ex-secretário de Saúde e ex-adjunto da Educação.
Transmissão de pessoa para pessoa intensifica perigo da mpox
Em nota, o MSF apontou que a “a aceleração da epidemia é preocupante, especialmente porque uma mutação genética foi identificada na província de Kivu do Sul, com transmissão de humano para humano agora ininterrupta por meses. Isso ainda não havia sido identificado com a cepa da Bacia do Congo, ao contrário da cepa da África Ocidental, que causou a epidemia global em 2022”.
Como forma de acelerar o acesso à vacina, a OMS emitiu no dia 9 de agosto, um convite a fabricantes de vacinas para que submetam à entidade a avaliação de imunizantes. O objetivo é colocar em prática o processo de autorização de uso emergencial de vacinas, devido ao risco apresentado pelo aumento de casos de mpox.
A OMS está solicitando que os fabricantes enviem dados para garantir que as vacinas sejam seguras, eficazes, de qualidade garantida e adequadas para as populações-alvo. Dessa maneira, seguindo o rito da OMS, será possível acelerar a países de baixa renda o acesso a imunizantes, especialmente aqueles que ainda não emitiram a própria aprovação regulatória nacional.
Mpox é causada por vírus e pode ser encontrada em macacos, esquilos e ratos
A mpox é causada pelo vírus orthopoxvirus e induz a uma doença com sintomas semelhantes aos da varíola, ainda assim menos grave. Por ser uma zoonose, a mpox é transmitida de animais para humanos, com casos frequentemente encontrados perto de florestas tropicais onde há animais que carregam o vírus. Segundo a OMS, o vírus da mpx já foi encontrado em esquilos, ratos e diferentes espécies. Agora, como já referido, a doença também pode se espalhar de humanos para humanos.
Entre seres humanos, a transmissão ocorre por meio do contato com fluidos corporais, lesões na pele ou em superfícies mucosas internas, como na boca ou garganta, gotículas respiratórias e objetos contaminados.
Febre, dor e erupções cutâneas estão entre os sintomas da mpox
A pessoa infectada pelo mpox apresenta um quadro de febre e erupções cutâneas extensas que caracterizam a doença porque os linfonodos permanecem inchados. É importante distinguir a mpox de outras doenças, como varicela, sarampo, infecções bacterianas da pele, sarna, sífilis e alergias associadas a medicamentos.
Ainda segundo a OMS, o período de incubação da mpox pode variar de 5 a 21 dias. O estágio febril da doença geralmente dura de 1 a 3 dias com sintomas incluindo febre, dor de cabeça intensa, linfadenopatia (inchaço dos gânglios linfáticos), dor nas costas, mialgia (dor muscular) e astenia intensa (falta de energia).
Após o estágio febril são verificadas as erupções cutâneas, com duração de duas a quatro semanas. As lesões evoluem de máculas (lesões com base plana) para pápulas (lesões firmes e dolorosas elevadas) para vesículas (cheias de fluido claro) para pústulas (cheias de pus), seguidas de crostas.
O tratamento é conduzido pelo aparecimento dos sintomas e, por esse motivo, o melhor é a prevenção, como evitar contato com pessoas contaminadas e, se for inevitável, fazer uso de luvas e máscaras descartáveis.