Acusado de aplicar golpe de R$ 4,1 bilhões em 1,3 milhão de investidores em 80 países, o diretor de tecnologia da Trust Investing, Cláudio Barbosa, 46 anos, teve a prisão preventiva revogada pela Justiça Federal. A medida foi tomada após audiência de instrução e julgamento realizada no último dia 2 de agosto.
O empresário foi alvo da Operação La Casa de Papel, da Polícia Federal, em 19 de outubro de 2022, e ficou foragido por 19 meses até ser preso pela Polícia Militar de Santa Catarina, em uma blitz de trânsito em Florianópolis, no fim de maio. Barbosa foi interrogado na 3ª Vara Federal de Campo Grande no início deste mês.
Veja mais:
Desembargador mantém prisão de réu por golpe bilionário que ficou foragido por 19 meses
Réu por golpe bilionário, foragido triplicou ganhos e torrou dinheiro em carros de luxo
Patrick Abrahão nega à CPI das Pirâmides Financeiras ser sócio da Trust Investimentos
Após a audiência, a juíza Júlia Cavalcante Silva Barbosa analisou o pedido de liberdade provisória apresentado pela defesa de Cláudio Barbosa. A magistrada considerou que a manutenção da prisão preventiva, após a instrução processual, seria “desproporcional” e concedeu o habeas corpus ao empresário, com o cumprimento de medidas cautelares.
“Assim, entendo que a manutenção da prisão preventiva, para além da presente fase processual, afigura-se desproporcional, restando os riscos à ordem pública, econômica e social, bem como a necessidade de garantir a aplicação da lei penal – que permanecem presentes,- suficientemente garantidos por medidas cautelares de menor gravidade”, argumentou a juíza, em decisão publicada no Diário Eletrônico da Justiça Federal de terça-feira, 6 de agosto.
Entre as condições da liberdade, estão o comparecimento mensal e presencial no juízo de seu domicílio; proibição de deixar o país, sem autorização legal; ou mudar de residência sem a permissão do Judiciário.
A suposta organização criminosa era integrada pelo pastor Ivonélio Abrahão da Silva e pelo seu filho, Patrick Abrahão Santos Silva, marido da cantora Perlla, e mais quatro empresários. Eles ficaram presos até agosto do ano passado, quando a juíza substituta Júlia Cavalcante Silva Barbosa, da 3ª Vara Federal, revogou a prisão dos réus.
Conforme a denúncia do Ministério Público Federal, após a aplicação do golpe, que prometia lucro de até 500% e garantia o esquema por meio de pirâmide financeira, Cláudio Barbosa viu os rendimentos triplicarem. Nos anos de 2017 e 2018, ele não tinha renda expressiva.
A situação começou a mudar em 2019, quando recebeu R$ 320 mil da Truster Wallet, empresa criada pela suposta organização criminosa na Estônia. No ano seguinte, ele recebeu R$ 947,7 mil. Em 2021, a empresa enviou R$ 1,092 milhão.
Cláudio Barbosa é réu pelos crimes de organização criminosa, lavagem de dinheiro, operação ilegal de instituição financeira, gestão fraudulenta e crime contra o patrimônio da União e ambiental.