A juíza May Melke Amaral Penteado Siravegna, da 4ª Vara Criminal de Campo Grande, usou matéria feita por um site sobre a guerra pelo comando do jogo do bicho para manter na prisão um acusado de integrar a suposta organização criminosa chefiada pelo deputado estadual bolsonarista Neno Razuk (PL). A denúncia diz que o parlamentar continua usando funcionários da segurança pública para afastar a concorrência e assumir o comando da jogatina na Capital.
Diogo Francisco, o Barone, pediu a extensão do benefício de revogação da prisão preventiva concedido a Taygor Moretto Pelissari. O irmão de Diego Aparecido Francisco, o Gordo, um golpista famoso, foi preso no início de janeiro deste ano com a deflagração da 3ª fase da Operação Sucessione.
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“No caso em tela reputo que permanecem presentes tais parâmetros legais, isso porque as provas produzidas demonstram que, ao menos durante o período compreendido entre janeiro e dezembro de 2023, no território do Estado de Mato Grosso do Sul, em especial nesta cidade e comarca de Campo Grande/MS, o requerente DIOGO FRANCISCO (‘BARONE’), assim como seus comparsas Carlito… agindo em concurso entre si e outras pessoas ainda não identificadas, livres e conscientes e cada qual a seu modo, integravam pessoalmente a organização criminosa liderada por ROBERTO RAZUK FILHO (‘NENO RAZUK’), que é estruturalmente ordenada e com divisão, ainda que informal, de tarefas, cujo objetivo é obter, direta ou indiretamente, vantagem de qualquer natureza, mediante a prática de infrações penais diversas, em especial prática ilegal de jogos de azar (jogo do bicho, caça-níqueis etc.), lavagem de capitais, corrupção ativa/passiva, roubos majorados, entre outros”, destacou May Melke.
Após destacar a atuação de Barone, a magistrada citou matéria do jornal Midiamax, publicada na última terça-feira (30), de que o deputado segue articulando para assumir o comando do jogo do bicho em Campo Grande. Conforme a denúncia, ele contaria com o apoio de políticos e policiais para ameaçar e afastar a concorrência.
“Aliás, cumpre observar que, à despeito da deflagração da ‘Operação Successione’, que culminou em prisões e buscas e apreensões, verifica-se da matéria jornalística, veiculada no Periódico Midiamax em 30/07/2024, intitulada: ‘Novas denúncias revelam: guerra pelo Jogo do Bicho esquenta com policiais e políticos implicados em Campo Grande – De olho na regulamentação, ‘Banca Br’ seria do deputado Neno Razuk e usaria servidores da Sejusp para espantar ‘Banca Kapital’ de Campo Grande’, que a organização criminosa, da qual o requente faz parte e na qual atuava fortemente, continua em plena atividade”, destacou a magistrada.
“Por fim, observe-se não ser o caso de extensão dos efeitos nos termos do art. 580 do CPP, diante da inexistência de identidade fático-processual, mormente pelas funções desempenhadas pelo requerente dentro da organização, em que pese responda pelos mesmos delitos que o corréu TAYGOR, bem como que a análise do pedido de revogação não se restringe à apreciação do tempo de prisão e condições pessoais favoráveis, mas também na gravidade, periculosidade e demais elementos constantes da ação penal em curso”, concluiu.
Outros réus na Operação Sucessione continuam presos. Neno Razuk negou a denúncia de que chefia organização criminosa e tenta assumir o comando do jogo do bicho após a família Name perder o controle com a Operação Omertà, deflagrada em 27 de setembro de 20219.