Nem Camila Jara, 29 anos, nem José Orcírio dos Santos, o Zeca do PT, 74, compareceram à sede da sigla, em Campo Grande, na manhã deste sábado (20), na convenção do partido, em que foi homologada a chapa chefiada pela deputada federal como a candidata à prefeita da cidade e, o ex-governador de Mato Grosso do Sul como vice dela.
Na celebração, a legenda também anunciou nomes de 30 candidatos – números iguais de homens e mulheres – que vão concorrer vagas na Câmara dos Vereadores. O PT foi a primeira legenda a promover convenção e também a definir o nome do vice.
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Zeca viajou para a cidade de Amambai, na faixa de fronteira de MS com o Paraguai, onde participaria de um ato político que divulgaria os nomes de vereadores do PT que vão concorrer mandatos por lá.
Já Camila Jara viajou para “fora do Estado onde cumpre agenda inadiável”, segundo informação do presidente municipal do PT, Agamenon Rodrigues do Prado.
Pedro Kemp, deputado estadual petista já pelo sétimo mandato, brincou que o “PT é um partido diferente dos outros, diferenciado”, o que justificaria as ausências de Zeca e Camila.
Para ele, a convenção deste sábado representa a homologação das duas candidaturas e que isso já tinha sido definido antes pelo partido.
“Hoje cumprimos uma formalidade que exige, sim, a presença dos dez convencionais [integrantes do partido que assinam documento indicando Camila e Zeca como vice].
A sigla petista marcou para o dia 3 um evento com a participação de Camila e Zeca e também de Gleisi Hoffmann, a presidente nacional da sigla. Ou seja, o PT deve festejar a chapa homologada, em ato público, daqui duas semanas.
O PT é aliado ao PC do B e ao Partido Verde, siglas que também promoveram suas convenções neste sábado.
Expectativa
Pedro Kemp acha que Camila e Zeca devam alcançar o segundo turno. Ele crê nisso diante das recentes alianças anunciadas recentemente.
No caso, o PSDB, do pré-candidato Beto Pereira, deputado federal, que deu um tombo na prefeita de Campo Grande, Adriane Lopes, do PP, que tinha como certo o apoio do PL, do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Na reta final dos acordos partidários, Beto fechou pacto com o PL e deixou a adversária sem a parceria pretendida.
Adriane, hoje amparada politicamente pela senadora Tereza Cristina, líder máxima do PP em MS, deve seguir firme na linha bolsonarista, já que foi ministra e ainda gravita e bem em cenários reinados pelo ex-presidente e seus parceiros.
Pedro Kemp, sem citar nome, aponta ainda a pré-candidata do União Brasil, a Rose Modesto, como uma aliada mais inclinada à direita.
Na interpretação do parlamentar petista, ao menos três candidatos concorrentes de Camila e Zeca devem brigar por apoio de eleitores de Bolsonaro. E isso favoreceria o PT, que ficaria livre e sem nó com as alianças políticas na hora de pedir votos.
Já no início da convenção, o presidente municipal da legenda, Agamenon Prado, ao anunciar os nomes dos candidatos a vereador, disse que primeiro o partido deve correr atrás dos 187 mil eleitores campo-grandenses que votaram em Lula, em 2022. Depois, tentar convencer os votantes de outras linhas políticas.
Naquele ano, Bolsonaro conquistou 313 mil votos na capital sul-mato-grossense.
Pacto com o PSDB
Pedro Kemp afastou a hipótese de o PT romper agora a aliança com o governo de Eduardo Riedel, do PSDB. O partido ocupa vagas e age como base de sustentação do governo tucano.
Lá na frente, depois da eleição, disse Kemp, o PT avalia a ideia de um eventual rompimento político com a gestão de Riedel. Isso ocorreria caso o PL, que deve escolher o vice de Beto Pereira mantenha aliança com o PSDB também nas eleições estaduais, em 2026.
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Perfil
O PT ocupa hoje 2 das 29 vagas na Câmara dos Vereadores de Campo Grande. A intenção, segundo o presidente municipal do partido, é “mais que dobrar o número”, em outubro.
A maioria dos candidatos anunciados neste sábado vem da Educação, entidades sindicais e lideranças de movimentos sociais.