O empresário Ueverton da Silva Macedo, o Frescura, 34 anos, sumiu com dois telefones celulares para impedir a investigação do esquema milionário de corrupção em Sidrolândia. O Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) o denunciou por obstrução de investigação criminal após ter se recusado a entregar os aparelhos durante o cumprimento dos mandados de busca e apreensão da 3ª fase da Operação Tromper.
Frescura foi preso na 2ª e na 3ª fase da Operação Tromper. Ele já foi denunciado duas vezes pelos crimes de corrupção passiva, peculato, organização criminosa e fraude em licitações. Na segunda, o ex-candidato a vereador passou a ser réu junto com o vereador Claudinho Serra (PSDB), genro da prefeita Vanda Camilo (PP).
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De acordo com a denúncia do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), Frescura tinha dois celulares e construiu um local secreto para escondê-los em caso de nova operação do MPE.
No dia 3 de abril deste ano, ao ser alvo da 3ª fase da Operação Tromper, ele se recusou a entregar os aparelhos e a revelar onde os tinha escondido. “Ocorre que durante o cumprimento dos mandados, no dia 03 de abril de 2024, em operação intitulada de Tromper III, o denunciado UEVERTON DA SILVA MACEDO deliberadamente ocultou seu telefone celular, com o intuito de impedir que o Ministério Público tivesse acesso ao conteúdo armazenado no aparelho”, pontuam os promotores na denúncia protocolada nesta quarta-feira (17).
“Inicialmente, o denunciado UEVERTON DA SILVA MACEDO informou falsamente que não tinha telefone celular, mas depois de várias indagações, na fase final das buscas, acabou por admitir que ocultou seu aparelho em compartimento secreto existente no imóvel, criado justamente para evitar que fosse apreendido novamente pelas forças policiais, como já havia acontecido na 1ª fase da Operação Tromper”, informaram os promotores.
Os policiais do Batalhão de Choque e do Gaeco vasculharam a casa de Frescura, mas não conseguiram encontrar os telefones. “A despeito da minuciosa varredura realizada no imóvel pelos policiais, não foi possível encontrar o telefone celular. Mesmo alertado, por mais de uma vez, pela equipe policial da existência da ordem judicial de busca e apreensão do telefone celular, o denunciado UEVERTON DA SILVA MACEDO não fez a apresentação de seu aparelho, que foi deliberadamente escondido, antes de iniciada as diligências, com o intuito de impedir que o Ministério Público tivesse acesso ao conteúdo armazenado nele”, frisaram os promotores.
“Durante as buscas na residência de UEVERTON DA SILVA MACEDO, não foi logrado êxito em encontrar o aparelho (s) telefônico (s) e ou smartphone (s) de sua propriedade e como era de conhecimento da equipe que UEVERTON se utilizava de aparelho celular foi perguntado o local o qual estaria escondido. UEVERTON DA SILVA MACEDO, respondeu para a equipe policial que possuía 02 (dois) aparelhos celulares, UEVERTON de maneira recalcitrante não quis informar qual era o local onde escondia o aparelho celular, relatou ainda que criou esta rotina após ter seu aparelho apreendido na primeira 1° fase da operação TROMPER”, relataram.
“Em suma, ao ocultar propositadamente o seu telefone celular de uso cotidiano com o objetivo de impedir que o Ministério Público e o próprio Poder Judiciário tivessem acesso ao conteúdo integral do referido aparelho, o denunciado UEVERTON DA SILVA MACEDO dolosamente embaraçou investigação de infração penal que envolve organização criminosa”, concluíram.
A denúncia é assinada pelos promotores do Gaeco, Tiago Di Giulio Freire, Moisés Casarotto e Gerson Eduardo de Araújo, pelo coordenador do GECOC (Grupo Especial de Combate à Corrupção), Adriano Lobo Viana de Resende, e pela promotora de Sidrolândia, Bianka Machado Mendes.
Frescura teve o sigilo bancário quebrado e movimentou mais de R$ 10 milhões. A maior parte do dinheiro não tem a origem definida, segundo o MPE.
O ex-candidato a vereador foi solto após o desembargador José Ale Ahmad Netto, do Tribunal de Justiça, conceder habeas corpus a Claudinho Serra.
O MPE se inspira na Operação Oiketicus, deflagrada pelo Gaeco para combater a corrupção na PM e que prendeu policiais militares ligados à Máfia do Cigarro. Na ocasião, o segurança do então governador Reinaldo Azambuja (PSDB), Ricardo Campos Figueiredo, destruiu os telefones celulares e acabou condenado por obstrução de Justiça.