Mário Pinheiro, de Paris – Nas eleições do segundo turno do legislativo que ocorre na França neste domingo (7), os eleitores franceses decidem entre a extrema direita e a esquerda, visto que o partido do atual presidente Emmanuel Macron, conservador liberal, não obteve o suficiente para manter a política que vinha exercendo.
O próximo primeiro ministro será escolhido de acordo com o número de deputados eleitos do mesmo partido ou coligação. Para muitos eleitores, votar na extrema direita não significa um voto consciente, mas uma advertência ao grupo que se alterna no poder.
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A extrema direita, muito confiante na vitória, reza sua missa com agressões, ameaças e insultos de origem racista. O eleitor francês esperou dezenas de anos para poder acariciar o fascismo e reivindicar o poder de distribuir bofetadas.
A França entra num período sombrio de dúvidas, a certeza de lidar com assuntos sensíveis e reafirmar o negacionismo histórico. “Nós somos nazistas, m*”, a extrema direita é radical, mas o povo demorou a enxergar a realidade. A crise política instaurada pelo governo Macron tira todas as chances de fazer barragem à chegada dos radicais ultraconservadores ao poder.
O jornal de esquerda L’humanité aponta um mundo paralelo real com um militantismo de extrema direita radical que se prepara para passar a ação “vocês estão prontos?”. O fascismo entra em atividade contra muçulmanos, judeus, feministas e homossexuais de todo gênero.
O parlamento está em jogo. A Reunião Nacional, partido de extrema direita, dirigido atualmente pelo candidato Jordan Bardella, tem como principal bandeira a promessa de expulsar e conter a entrada de imigrantes, assim como recolocar as contas em dia.
A dívida pública da França se eleva a 3,159 bilhões de euros. Esta dívida francesa é o resultado do acúmulo de necessidades de financiamento do Estado, entre elas, receita fiscal, administração de políticas sociais.
Este partido sempre teve em seu eleitorado militantes skinheads ultraviolentos, isso está nas veias de seus seguidores, mas devido às queixas de racismo, homofobia e zenofobia, o partido foi se remodelando e tentando mudar a imagem. Atualmente dirigido por Bardella, ele parece sempre bem vestido, malhado, tentando convencer os indecisos de que a cara do partido não é mais de extrema direita e ele mesmo recusa ser rotulado de extremista.
Outro item importante dentro dos objetivos do novo primeiro ministro opositor, é sobretudo a revisão dos direitos de instalação e construção de mesquitas dos muçulmanos. Bardella, se for escolhido para o cargo mais importante do legislativo, vai tirar a dupla nacionalidade de pessoas estrangeiras que obtiveram a cidadania francesa.
A origem do rótulo fascista do Reunião Nacional vem do fundador Jean-Marie le Pen. Ex-deputado, ele esteve na guerra da Argélia, racista ferrenho, sempre passou a imagem de francês puro que odiava negros.
Bardella, apesar de ser deputado europeu, não domina os números sobre índice de violência e o tráfico de drogas que se tornou o principal problema em Marselha e outras grandes cidades. Mas ele afirma com todas as letras que não tolera bandido e que vai acabar com este mercado do crime.
Marine le Pen, principal herdeira do partido fundado pelo pai, prega a saída da França da zona euro, além de abrir uma coesão com os ultraconservadores radicais. O Reunião Nacional não reconhece a Palestina enquanto Estado e afirma ser aliada de Zelensky, mas o que está por trás da torcida de Vladimir Putin pela vitória da extrema direita francesa é uma incógnita.