A denúncia do vereador Professor André Luís (PRD) de que parlamentares da Câmara Municipal de Campo Grande teriam “coagido” empreiteiras a pagar R$ 1 milhão para apresentar emenda para mudar o Plano Diretor Urbano repercutiu na sessão desta quinta-feira (27). Coube ao presidente da Casa, Carlos Augusto Borges, o Carlão (PSB), sair em defesa dos colegas ao dizer que a acusação não tem provas, é mentirosa e maldosa.
Carlão disse que conversou com André após a sessão de terça-feira (25), quando o pré-candidato a prefeito da Capital fez a denúncia. O presidente da Câmara informou que esperava uma retração do colega, o que não ocorreu. Diante disso, antes de encerrar os trabalhos hoje, fez um monólogo com diversas críticas ao denunciante.
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“Eu aguardei o doutor André falar, ele não quis falar. Teve uma fala infeliz do doutor André, maldosa. […] Uma fala mentirosa, uma fala maldosa, que tinha vereador levando vantagem de R$ 1 milhão para fazer emendas. Isso é a maior mentira do mundo”, iniciou Carlão. “Estou aqui há muitos anos, tem que ter respeito aos companheiros”, prosseguiu.
Segundo o presidente, na conversa que teve com André, o colega informou que fez a denúncia para ficar em evidência na “mídia”, por ser pré-candidato a prefeito. “Como é que você vai crescer na mídia para ver a desgraça dos outros e mentindo”, rebateu Carlão.
“Então eu quero respeito do vereador André com a Câmara. Se ele não tem respeito com a Câmara, ele está no lugar errado. E que me prove, porque se não provar, são 28 vereadores que foram ofendidos, que ele não citou nome, então todo mundo pegou o dinheiro, todo mundo foi envolvido numa mentira mais grave que eu já vi”, continuou o presidente.
“Eu nunca vi falar isso em plenário, sem prova. Se era num campo de antigamente, levava umas porradas. Porque isso aí é cara que não tem vergonha na cara, falar um negócio que ‘diz que me diz que’”, disparou.
Ao fim, Carlão afirmou que “perdoou” André Luís e encerrou a sessão desta quinta-feira. (Veja abaixo)
A denúncia
Na sessão de terça-feira, antes de votar os vetos da prefeita Adriane Lopes (PP) ao Projeto de Lei 11.274/2024, que permite a ampliação do perímetro urbano da Capital mediante o pagamento de outorga, Professor André Luís afirmou ter recebido uma denúncia de que emendas foram apresentadas por vereadores que coagiram as empreiteiras a pagar R$ 1 milhão.
Ao ser questionado sobre o assunto, o pré-candidato a prefeito afirmou que manterá a acusação. No entanto, ele corrigiu que ficou sabendo que a cobrança teria sido feita por apenas um vereador.
As propostas foram apresentadas pela Mesa Diretora, pelo próprio Professor André Luís e pelos vereadores Otávio Trad (PSD) e Papy (PSDB). Os dois últimos ficaram indignados com a suspeita, mesmo sem citar o nome do acusado de cobrar a propina. Papy ameaçou registrar boletim de ocorrência contra o colega de parlamento por calúnia.
A mudança no Plano Diretor envolve projetos bilionários e conjuntos residenciais de luxo, que estão sendo construídos além do anel viário e precisam ser regulamentados. De acordo com um parlamentar, a Lei do Uso e Ocupação do Solo só seria alterada no próximo ano, mas a prefeita Adriane Lopes antecipou a mudança para este ano.
