O presidente da Câmara Municipal de Campo Grande, Carlos Augusto Borges, o Carlão (PSB), rejeitou dois pedidos de cassação do vereador Claudinho Serra (PSDB), que ficou preso por 23 dias e passou a usar tornozeleira eletrônica. O tucano é réu por comandar um esquema voraz de desvio de recursos públicos na Prefeitura Municipal de Sidrolândia, onde cobrava propina de 10% a 30% e perseguia empresários e servidores que não concordavam com a ação criminosa.
Só que há quase três anos, em dezembro de 2021, Carlão moveu céus e terra para aprovar mudança no regimento do legislativo para punir com suspensão do mandato vereador que, pasmem, promovessem “dancinhas” no plenário da Câmara Municipal.
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Os valores políticos de Campo Grande andam tão invertidos, que dançar é crime, já ser réu por corrupção, peculato, chefiar organização criminosa e perseguir pessoas de bem não é vergonhoso.
“Eu falei com o procurador jurídico e ele entendeu que não tinha nada que o Claudinho tivesse feito dentro da Câmara. Esses atos dele foram fora do mandato. Dentro do mandato, Claudinho não fez nada de errado como vereador. Essas denúncias contra ele são de quando ele era secretário lá em Sidrolândia”, explicou-se Carlão, conforme o Correio do Estado.
O fato de o vereador ter sido alvo da Operação Tromper 3 no início de abril de ano, ter ficado afastado do legislativo por 23 dias porque ficou atrás das grades, não é motivo de vergonha para Carlão. O nosso procurador jurídico entendeu dessa forma e está tudo no parecer produzido pelo Gustavo Lazzari”, contou o socialista.
Claudinho deixou o presídio com tornozeleira eletrônica e, para evitar maiores constrangimentos, pediu licença de 120 dias após ser aconselhado pelo presidente regional do PSDB, o ex-governador Reinaldo Azambuja. Só que a delação premiada de Tiago Basso da Silva comprometeu ainda mais a imagem do vereador.
No entanto, para Carlão, a dança feita pelo vereador Tiago Vargas (PP) e pela atual deputada federal Camila Jara (PT), no plenário no final de 2021, é motivo de vergonha e passível de punição.
A postura causou indignação no empresário Elenilton Dutra, que vem se notabilizando por divulgar vídeos nas redes sociais e grupos de aplicativos com torpedos contra parte da classe política.
“Meus amigos, senhoras e senhores, recebi da Câmara Municipal de Campo Grande um ofício ontem (quarta-feira), encaminhado pelo seu presidente, Carlos Augusto Borges, o Carlão, dizendo que a denúncia que eu fiz naquela Casa pedindo a instauração de um processo para denúncia e cassação do mandato do vereador Claudinho Serra foi arquivado. Conforme parecer jurídico, como o crime foi lá em Sidrolândia, e não foi aqui, ele não cometeu nada”, lamentou o empresário.
“Ele está em todos os sites desmoralizando aquela Casa de Leis, pediu afastamento de 120 dias, e tudo isso porque não cometeu crime nenhum. Isso acontece porque ele é do PSDB, se fosse de outro partido, o que estaria acontecendo com esse moço?”, acusou.
“E nós, cidadãos de bem, vamos aceitar isso até quando? Eu fiz meu dever de casa, fui lá, protocolei o pedido e fui para a imprensa, mas, infelizmente, a Câmara Municipal de Campo Grande acobertou e escondeu o fato para proteger um dos seus. Campo Grande, acorda, vamos dar a resposta nas urnas em outubro, todos esses vereadores não servem para representar Campo Grande”, proclamou.
Agora, nas urnas em outubro, o campo-grandense terá a oportunidade de mostrar seus valores e como pretende melhorar a cidade, punindo quem dança ou quem surrupia os cofres públicos? E depois de encerrada a votação, não adianta culpar o vizinho pelo resultado.