O Ministério Público Estadual denunciou os policiais militares Valdeci Alexandre dos Santos, 41 anos, e Bruno César Malheiros dos Santos, 33, pelo homicídio qualificado do ex-vereador de Anastácio Wander Alves Meleiro, o “Dinho Vital” (PP). O MPE sustenta que a vítima foi assassinada com dois tiros pelas costas, sem chance de defesa, e por motivo torpe, após discussão política.
Os PMs mataram o ex-vereador após o progressista brigar com o ex-prefeito Douglas Melo Figueiredo (PSDB) na festa de comemoração dos 59 anos do município, ocorrida no dia 8 de maio deste ano. De acordo com o MPE, a denúncia foi recebida pela Vara Criminal de Anastácio, que converteu a prisão temporária dos réus em preventiva.
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A denúncia do MPE é embasada em laudos necroscópico e do local do crime. Os policiais não estavam em serviço e a vítima foi atingida com um tiro que atravessou seu tórax e saiu pelo peito, e outro na região lateral do abdome, de baixo para cima.
“Além disso, os laudos periciais revelaram que, pela posição dos atiradores, bem como pelas manchas de sangue da vítima encontradas no chão e o local em que seu corpo foi encontrado, o ofendido tentou fugir para frente de seu veículo para se refugiar dos disparos”, informa o Ministério Público em nota divulgada nesta sexta-feira (14).
No local do crime, havia oito estojos de cartuchos de munição próximos ao veículo dos policiais, enquanto perto da vítima nenhum estojo deflagrado foi encontrado, descartando qualquer troca de tiros entre os envolvidos. Também foram constatadas apenas perfurações de projéteis de arma de fogo no carro da vítima, todas de trás para frente do veículo.
O MPE afirma que o crime resultou em “perigo comum” aos cidadãos, pois os disparos foram efetuados em plena via pública, com intenso fluxo de veículos e pessoas, inclusive com a presença da esposa da vítima no mesmo lado do acostamento onde ocorreram os disparos, e praticado mediante recurso que dificultou a defesa da vítima, pois surpreendida e alvejada pelas costas, reduzindo suas chances de defesa.
A defesa dos policiais diz que rebaterá todas as acusações e vai comprovar a inocência dos réus. O advogado Lucas Arguelho Rocha diz que o Ministério Público “produziu provas unilaterais, sem oportunizar defesa e contraditório aos policiais, ouvindo somente quem interessava a acusação”, segundo informado pelo Campo Grande News.
Além dos policiais militares, o ex-prefeito Douglas Melo Figueiredo (PSDB) é investigado pelo crime.
Figueiredo foi alvo de operação do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) como suspeito de ser o mandante do homicídio do ex-aliado. Ele chegou a ser preso devido aos agentes terem encontrado duas carabinas e uma pistola 9 mm em sua casa, mas foi liberado mediante pagamento de fiança de R$ 15 mil.
Antes do brutal homicídio do ex-vereador, ocorrido após uma briga dele com o ex-prefeito, Douglas liderava as pesquisas para ser o próximo prefeito de Anastácio. Ele tinha 43%, de acordo com a pesquisa do Instituto Ranking Brasil Inteligência.
O ex-prefeito nega ter relação com o homicídio do ex-vereador e afirma ser vítima de perseguição política para inviabilizar sua candidatura.