Com remuneração de R$ 18.891 na Câmara Municipal de Campo Grande e réu por comandar esquema de corrupção quando foi secretário na Prefeitura de Sidrolândia, Claudio Jordão de Almeida Serra Filho (PSDB), o Claudinho Serra, tinha somente R$ 410,62 nas contas bancárias. O dinheiro corresponde a apenas 0,0032% dos R$ 12,5 milhões bloqueados pela Justiça. Claudinho é genro da prefeita Vanda Camilo (PP), esta afastado do Poder Legislativo da Capital e usa tornozeleira eletrônica.
Da lista de pessoas que tiveram valores sequestrados, a empresária Fernanda Regina Saltareli é a que tinha mais dinheiro no sistema bancário: R$ 3.403.682,71. A ordem de bloqueio contra ela era de R$ 11.807.153,68. Segundo o MPE (Ministério Público Estadual), Fernanda emprestou seu nome para figurar como sócia proprietária da empresa CGS Construtora e Serviços, facilitando a ocultação do grupo de empreiteiras durante as licitações.
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Ao todo, o juiz Fernando Moreira Freitas da Silva, da Vara Criminal de Sidrolândia, determinou o sequestro de R$ 103,939 milhões em bens e contas bancárias de 19 pessoas físicas e nove empresas envolvidas no esquema milionário de desvios de recursos públicos da Prefeitura de Sidrolândia.
Contudo, as contas bancárias dos alvos das medidas de constrição tinham somente R$ 3,6 milhões. Assessor de Claudinho Serra, Carmo Name Júnior tinha R$ 35,82. Já Ueverton da Silva Macedo, o Frescura, teve R$ 10.508 bloqueados. O resultado é bem diferente das provas colecionadas na operação Tromper, que apontou que Frescura movimentou R$ 8,5 milhões entre 2017 e 2021. Toda essa bonança ocorreu sem ele ter “profissão econômica definida”.
Ao pedir o bloqueio milionário, os promotores Bianka Mendes (de Sidrolândia,) Humberto Lapa Ferri (31ª Promotoria do Patrimônio Público de Campo Grande) e Adriano Lobo ( coordenador do GECOC -Grupo Especial de Combate à Corrupção) elencaram 14 fatos da ação penal, todos relativos a contratos da Prefeitura de Sidrolândia.
“No caso, como reportado em linhas anteriores, houve a prática de crimes contra a Administração Pública, conferindo aos requeridos um patrimônio ilícito que deverá regressar aos cofres públicos ao final da ação penal. Firme-se que as medidas assecuratórias de apreensões, sequestros e perdimentos se dão necessariamente sobre bens (móveis e imóveis) e valores equivalentes aos obtidos em caráter criminoso”.
Os maiores valores são ligados a contratos com a empresa A R Pavimentação, que teve ordem de bloqueio de R$ 11 milhões, mas tinha em conta R$ 10.050. A empresa conquistou duas licitações no mesmo dia em 2022, ao custo de R$ 3.799.205,28.
“Dez dias após a conquista das últimas licitações, a empresa AR Pavimentação, pertencente ao denunciado EDMILSON ROSA, conquistou nova licitação pública, processo 000198/22, conduzida na modalidade “concorrência”, ao custo global inicial (sem aditamentos) de R$ 6.096.856,37”.