Mário Pinheiro, de Paris
A legenda diz que o drácula prefere a noite, a escuridão, porque não suporta a luz, pois a claridade ilumina o caminho, faz desviar de buracos e penhascos. Mas quem opta pelas trevas, o breu, odeia a verdade que o sol revela. Da mesma forma, os que bajulam a mentira se escondem da verdade. No entanto, verdade e mentira é como amor e ódio, andam lado a lado e quem perde sempre range os dentes como um capiroto. A verdade de nada tem medo, exceto viver oculta.
A extrema direita não trabalha com a vertente da verdade, da ética e transparência em seus diversos temas. Geralmente, por desconhecer, ignorar ou puro desinteresse de fatos históricos e sociais, é mais fácil negar e acusar a esquerda de pura invenção. É um atrevimento ignóbil, abjeto, mas é assim que funciona.
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A Europa vive uma semana crucial antes das eleições nos 27 países que compõem a união. Existe o receio de uma guinada para a extrema direita que na verdade se acha de direita. Com políticos e militantes da direita é até possível conversar educadamente e debater, mas é impossível com os extremos. A mentira sai na frente, a violência acompanha.
A primeira-ministra italiana Giorgia Meloni, por exemplo, foi eleita com a promessa de bloquear a entrada migratória, tem uma formação pósfascista segundo o cotidiano Le Monde. Entretanto, ela não conseguiu deter e proibir a acolhida de estrangeiros oriundos de toda parte da Ásia e África, fez acordos.
A imigração é o mesmíssimo cavalo de batalha do candidato de extrema direita francesa, Jordan Bardella, aliado de Marine le Pen, ambos do partido que vocifera contra gays, árabes, africanos e o casamento homoafetivo. Mas quando a imprensa questiona estes fatos, facilmente eles negam, fogem, escapam como sabonete molhado. A campanha bate na tecla da imigração ilegal, no controle do crescimento islamista, na agricultura, na defesa e energia.
A Hungria do presidente Victor Orban, no poder há 14 anos, passa a imagem do homem sério, comprometido, controlador da entrada de imigrantes. A união cívica húngara, fundada em 1988, é o partido popular que elegeu Orban.
Há uma tempestade de propagandas infundadas sobre homossexualidade, aborto, feminismo e mesmo direitos humanos. E para o primeiro-ministro o maior perigo é o estrangeiro, o imigrante, por isso ele fez construir o muro. Mas Orban não é o único, a Polônia conta com uma população católica que conta mais de 90%, de direita dura, é o país que mais recebe ajuda financeira da União Europeia, em segundo vem a Hungria.
Orban controla os meios de comunicação com campanhas massivas de denigração contra o público homossexual. Segundo o jurista Támas Dombos, da associação LGBT, “a cada manhã tem informações homofóbicas de políticos aliados do governo nos jornais e na televisão de Budapeste que acusam de pedofilia a adoção feita por casais homoafetivos”.
Em 2022 o partido de Orban recebeu 10 milhões de dólares dos Estados Unidos para vencer a esquerda, segundo o presidente da mais antiga ONG em defesa dos direitos humanos de Helsinki, András Kadár.
Na França, Bardella e Marine le Pen, prováveis vencedores das eleições de domingo, pregam em seus discursos que o país tem que sair da união europeia, fazer um controle da política ruim do presidente Emmanuel Macron.