Os presidentes dos clubes decidiram por ampla maioria manter o interventor nomeado pela Confederação Brasileira de Futebol, Estevão Antônio Petrallás, no comando da Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul. A decisão foi tomada durante uma conturbada assembleia extraordinária nesta sexta-feira (7).
O único momento relativamente de ‘paz’ ocorreu durante a participação do governador Eduardo Riedel (PSDB), que anunciou a manutenção do apoio financeiro às competições da FFMS por meio da Fundesporte (Fundação de Desporto e Lazer). A Federação recebeu, em 15 anos, R$ 11,5 milhões de verba pública, somente através de convênio. Desse total, R$ 3,2 milhões foram repassados nos últimos três anos.
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“Esse momento precisa de equilíbrio, pois o que aconteceu ainda tem muita coisa a ser apurada. Esse colegiado tem que discutir o futebol para chegar a um bom termo. Nosso compromisso vai se manter com o futebol de Mato Grosso do Sul de maneira cada vez mais forte. Sei que não é fácil num momento como esse de chegar a um entendimento”, declarou Riedel.
Além do governador, o secretário Estadual de Turismo, Esporte e Cultura, Marcelo Miranda, deu seu parecer sobre a decisão a ser tomada pelos clubes. Ele defendeu a permanência do presidente interino nomeado pela CBF e propôs uma nova eleição no período de 90 dias.
O presidente da Confederação Brasileira de Futebol, Ednaldo Rodrigues, determinou, em portaria publicada na segunda-feira (27), o afastamento de Francisco Cézar de Oliveira por 90 dias do comando da Federação de Futebol de MS. O mandatário da FFMS foi preso na Operação Cartão Vermelho e denunciado pelo desvio de R$ 10 milhões de verbas públicas destinadas à entidade ao longo dos últimos anos.
A assembleia extraordinária foi convocada pelo presidente do Esporte Clube Comercial, Cláudio Barbosa, que é contra a permanência do interventor da CBF.
A reunião contou com a presença dos presidentes de 24 clubes profissionais e cinco amadores, que votaram sobre a manutenção do ex-presidente do Operário e atual vice da FFMS, Estevão Petrallás, no comando da entidade.
Dos clubes profissionais, 21 foram favoráveis à continuidade de Petrallás como presidente interino, 3 contrários (Novo, Comercial e Ponta Porã) e uma ausência. Entre os amadores, o placar foi de 4 a favor e 1 contra, além de um faltante.
Votaram a favor os presidentes do Corumbaense, Náutico, Águia Negra, DAC, Ivinhema, União, Naviraiense, Portuguesa, Urso, Operário, Coxim, Serc, São Gabriel, Crec, Campo Grande, Ubiratan, Operário AC, Moreninhas, 7 de Setembro, Ceart e Maracaju.
Antes do fim da assembleia, os presidentes dos clubes elegeram cinco representantes para fiscalizar a gestão interina da Federação de Futebol: André Baird (Costa Rica); Iliê Vidal (Águia Negra); Bosco Delgado (Corumbaense) e Gilmar Ribeiro (Portuguesa) e Ítalo Milhomem representando o futebol amador.
Em casa com tornozeleira eletrônica
O presidente afastado da Federação de Futebol, Francisco Cézar de Oliveira, 78 anos, está em prisão domiciliar sendo monitorado por tornozeleira eletrônica. O mandatário teve um princípio de infarto na quarta-feira (5), precisou ser internado no Hospital da Cassems e, na quinta (6), passou por cateterismo e a Justiça concedeu habeas corpus. Nesta sexta (7), ele teve teve alta médica e já está em casa.
O Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) denunciou Cezário e outras 11 pessoas, incluindo quatro sobrinhos, pelo desvio de R$ 10 milhões da FFMS. Eles são acusados pelos crimes de peculato, organização criminosa, lavagem de dinheiro e até furto qualificado.