O Governo do Estado anunciou que irá implantar pavimento de concreto pela primeira vez em uma rodovia estadual de Mato Grosso do Sul, na MS-377, no trecho que vai do entroncamento da MS-320 até o município de Inocência. A medida é uma alternativa ao asfalto que por diversas vezes “esfarelou” pouco depois de inaugurado, em gestões passadas, em estradas de MS.
De acordo com o governador Eduardo Riedel (PSDB), a implementação dessa nova tecnologia, mais resistente que o tradicional, conhecido como whitetopping, atenderá à crescente demanda de tráfego de caminhões pesados, especialmente com a instalação da fábrica de celulose da Arauco, no Leste de MS.
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Segundo a Secretaria de Infraestrutura e Logística (Seilog), as vantagens do pavimento de concreto incluem durabilidade média de 20 anos, qualidade da superfície, conforto de rolamento, custo inicial competitivo, baixo custo de manutenção, maior resistência ao tráfego pesado e segurança ao usuário.
O projeto de restauração da MS-377 abrange 48 km de estrada recuperada com um revestimento avançado e inovador, já utilizado em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Mato Grosso e Paraná.
O pavimento de concreto garante uma superfície mais suave e segura para os motoristas, além de melhorar a segurança viária, eliminando obstáculos que podem comprometer a estabilidade dos veículos.
“Essa abordagem proativa não apenas reduz o risco de acidentes, mas também minimiza a necessidade de reparos emergenciais, resultando em economia de recursos ao Estado a longo prazo”, explica o titular da Seilog, Helio Peluffo.
Em agosto de 2023, Peluffo, junto com diretores da Agência Estadual de Gestão de Empreendimentos (Agesul), realizou uma visita técnica à rodovia PRC-280, no Paraná, que havia passado por restauração com pavimento rígido de concreto.
A estrada é um dos principais corredores logísticos do Paraná, ligando o Sudoeste paranaense ao Porto de Paranaguá. O trecho recuperado fica entre as cidades de Palmas (PR) e General Carneiro (PR), no acesso a Santa Catarina.
A restauração da MS-377 também prevê vantagens ambientais. Por ser resistente ao desgaste, reduz o consumo de combustível para os veículos que transitam nela, têm menor emissão de CO2.
O projeto da nova rodovia está em andamento na Agesul, com a expectativa de licitação até o segundo semestre de 2024. Países como os Estados Unidos e da América Latina já utilizam essa tecnologia.
Rodovias que esfarelam
Os motoristas de Mato Grosso do Sul têm na lembrança um histórico de rodovias que passaram por restauração cujo asfalto virou farelo pouco depois da inauguração. Um desses casos é a MS-436, que foi entregue no fim de 2013 e a pavimentação “esfarelou”, formando buracos e dificultando o tráfego de caminhões. Uma nova intervenção foi necessária e concluída em 2018.
Outro caso emblemático é a MS-180, que “desmoronou” menos de um ano após a inauguração, no fim de 2014, sendo inclusive alvo de investigação da Polícia Federal na Operação Lama Asfáltica.
O asfalto cedeu com as chuvas devido a erros no projeto e na execução, segundo o governo, que ajuizou ações contra as empreiteiras responsáveis, alegando prejuízo de R$ 176,3 milhões.
A obra foi inaugurada em dezembro de 2014, no apagar das luzes da gestão André Puccinelli (MDB). No ano seguinte, em dezembro de 2015, uma cratera engoliu parte da rodovia e causou a interdição do tráfego.