O exercício físico pode não só reduzir o risco de desenvolver a doença de Parkinson, como também controlar eficazmente os sintomas dos pacientes, segundo uma análise de revisão realizada por investigadores na Europa.
Exercício como medicamento
Alguns estudos sugerem que o exercício pode atuar como um potencial tratamento modificador da doença, retardando a progressão e estabilizando, ou mesmo reduzindo, a quantidade de medicação necessária para controlar os sintomas. “Com base nas evidências atuais, propomos uma mudança de paradigma: o exercício deve ser prescrito como medicamento para pessoas com Parkinson em estágio inicial, juntamente com o tratamento médico convencional”, afirmou Martin Langeskov Christensen, PhD, professor associado da Universidade de Aarhus, na Dinamarca, e primeiro autor do estudo. “O exercício pode realmente melhorar a qualidade de vida do paciente”, acrescentou Christensen.
Leia mais:
STF mantém punição do CNJ a desembargadora que foi absolvida pelo Tribunal de Justiça
Saúde lança nova campanha de vacinação contra covid-19
Apenas 11% das escolas têm internet na velocidade certa, diz pesquisa
Parkinson e a Importância do Exercício
O Parkinson é causado pela disfunção e morte de neurônios dopaminérgicos, células nervosas responsáveis pela produção de dopamina, uma molécula essencial para a comunicação entre neurônios. A perda desses neurônios provoca problemas na sinalização nervosa, levando aos sintomas da doença. Atualmente, não existem medicamentos capazes de prevenir ou reverter a progressão da doença, embora terapias possam ajudar a controlar alguns sintomas. Portanto, a “identificação de intervenções que previnam, retardem, detenham ou mitiguem a doença é fundamental”, segundo os investigadores.
Revisão das Evidências
Para aprofundar o conhecimento, uma equipe da Dinamarca e da Suécia revisou as evidências existentes sobre os efeitos do exercício na doença de Parkinson, focando na prevenção, controle de sintomas e retardamento da progressão da doença. Dois estudos de revisão relataram que o exercício é geralmente seguro, com poucos eventos adversos, como dor transitória, inflamação articular, tontura, quedas ou cansaço, sendo raramente relacionados à intervenção com exercícios.
As evidências indicam que pessoas que praticam atividades físicas de intensidade moderada a alta, especialmente na meia-idade ou na idade adulta, têm um risco menor de desenvolver a doença de Parkinson. O exercício também pode atrasar potencialmente o momento do diagnóstico. “Há fortes evidências de que a atividade física de intensidade moderada a alta reduz significativamente o risco de desenvolver Parkinson”, disse Christensen, também pesquisador do Hospital Regional de Viborg. “A atividade física pode reduzir o risco em até 25%.”
Programas de Exercícios Personalizados
No que diz respeito aos sintomas de Parkinson, a evidência atual sugere que várias manifestações da doença, particularmente aquelas para as quais não existe medicamento disponível ou tratamento específico, podem ser controladas com exercício. Os pesquisadores recomendam programas de exercícios personalizados adaptados às necessidades específicas de cada paciente, juntamente com os medicamentos padrão, com monitoramento contínuo por profissionais de saúde.
“Por exemplo, muitas pessoas com doença de Parkinson têm dificuldade para caminhar e o exercício pode minimizar isso significativamente”, explicou Christensen. “Se você tem dificuldade para se levantar da cadeira, pode ser necessário se concentrar em exercícios de força ou equilíbrio. Se você corre risco de hipertensão, faça cardio.” Christensen enfatiza a importância de um plano de exercícios personalizado, pois os pacientes podem não saber quais exercícios são mais benéficos para seus sintomas.
Modalidades de Exercício
Estudos demonstram que o exercício pode ter um efeito preventivo na progressão da doença, com melhorias observadas na parte III do MDS-UPDRS, que avalia os sinais motores da doença de Parkinson. Além disso, a atividade física pode estabilizar ou mesmo reduzir a quantidade de medicamentos que os pacientes necessitam. Embora as evidências sobre se o exercício pode ajudar a retardar a progressão da doença associada à perda de neurônios dopaminérgicos sejam menos robustas, elas são promissoras.
Escolha de Exercícios
Tanto a musculação quanto o cardio-training são eficazes para diferentes manifestações da doença. “Se você tem doença de Parkinson, deve fazer o tipo de exercício que mais gosta”, recomendou Christensen. “Você já está prejudicado por baixos níveis de dopamina, então até mesmo encontrar a motivação pode ser difícil.” Ele acrescentou que pacientes que têm dificuldade em realizar exercícios de alta intensidade ainda podem obter resultados positivos com atividades de baixa intensidade.
“A mensagem principal é que é melhor fazer alguma coisa, porque os benefícios superam em muito quaisquer desvantagens potenciais. O exercício é uma intervenção segura, barata, acessível e eficaz”, concluiu Christensen.