O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) não deu aval para o amigo, o primeiro suplente de senador, Aparecido Andrade Portela, o Tenente Portela, ser o candidato a prefeito de Campo Grande pelo partido. Ele e o presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, teriam retomado a articulação para indicar o vice e apoiar a reeleição da prefeita da Capital, Adriane Lopes (PP).
Conforme uma fonte de Brasília, próxima do ex-presidente e do cacique do partido, o presidente regional do PL, o deputado federal Marcos Pollon, não conseguiu construir uma candidatura viável na Capital. “A realidade dos fatos: Polon saiu desmoralizado porque a direção nacional e o Bolsonaro já viram que a gestão dele no sentido de eleição de prefeitos e vereadores no MS será um fracasso”, confidenciou.
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Após rifar a candidatura do ex-deputado estadual Rafael Tavares e se lançar candidato, supostamente com o apoio de Bolsonaro, Tenente Portela acabou recuando e lançou uma nota para destacar que o objetivo é formar uma chapa forte de vereadores. Ele também enfatizou que a decisão final sobre o candidato será do ex-presidente, de quem é amigo há décadas.
“Portela fez a nota porque levou uma ensaboada do Bolsonaro. Lançou-se candidato sem falar com ele e usando o nome dele. Tá na geladeira”, revelou um interlocutor do Partido Liberal.
Uma pesquisa encaminhada ao ex-presidente também teria desconstruído as candidaturas de Tavares e do deputado estadual João Henrique Catan (PL). “Pelas pesquisas que chegaram em Brasília seriam um fiasco”, contou, sobre a possibilidade de um dos dois disputarem o cargo de prefeito.
“O vice, caso o PL feche a questão em torno da prefeita (eu acho que o compromisso já foi firmado) não será político. Alguém que represente o empresariado ou o agronegócio e que seja de direita”, revelou a fonte.
A única exigência é de que o candidato a vice, empresário ou produtor rural, tenha a cara de Bolsonaro. Um dos cotados seria o presidente do Sindicato Rural de Campo Grande, Alessandro Coelho.
As revelações vão ao encontro das negociações feitas pela senadora Tereza Cristina (PP), responsável pela filiação de Adriane ao seu partido. Ex-ministra da Agricultura e influente junto a Bolsonaro, ela já fez o milagre em 2022 ao convencê-lo a abrir mão de um bolsonarista raiz, o ex-deputado Capitão Contar (PRTB), para ficar neutro em uma estratégia que beneficiou o governador eleito, Eduardo Riedel (PSDB).
O Jacaré tentou falar com Tenente Portela desde a publicação da nota, mas não teve retorno. Os bolsonaristas, como João Henrique, continuam insistindo que o partido deve lançar candidato próprio a prefeitura e rechaçam apoiar a reeleição de Adriane.
Contudo, a prefeita tem se esforçado para conquistar o apoio de Bolsonaro. Ela chegou a participar das duas manifestações convocadas pelo ex-presidente, em São Paulo e no Rio de Janeiro, e tem defendido a linha Deus, Pátria e família, tão cara ao bolsonarismo.
Desde o início das articulações visando as eleições municipais na Capital, Bolsonaro já sinalizou apoio à candidatura de Capitão Contar (setembro do ano passado), de João Henrique (fevereiro deste ano), Adriane (fevereiro), Rafael Tavares e Tenente Portela.
Além de Adriane, os pré-candidatos definidos são o deputado federal Beto Pereira (PSDB), a deputada federal Camila Jara (PT), o ex-governador André Puccinelli (MDB), a ex-superintendente da Sudeco, Rose Modesto (União Brasil), e o vereador Professor André Luís (PRD).