Depois de um mês e 18 dias, a Câmara dos Vereadores de Campo Grande voltou ao normal nesta terça-feira (21) quanto ao número de parlamentares. O presidente do legislativo municipal, Carlos Augusto Borges, o Carlão, do PSB, deu posse ao 29º vereador, mandato que pertence a Claudinho Serra, do PSDB que, por suspeita de corrupção, no dia 3 de abril, foi preso. A sair do cárcere, o investigado entrou em licença médica por período de quatro meses.
Hoje, assumiu a vaga o então suplente Lívio Viana de Oliveira Leite, 49, que, no período da eleição, em 2020, integrava o PSDB, e mudou-se depois para a legenda União Brasil. A troca de sigla optada por Lívio ocorreu neste ano na chamada janela partidária.
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Outro suplente tucano quis melar a posse de doutor Lívio. Gian Sandim ingressou com mandado de segurança pela vaga. Ele sustentou que o mandato em questão pertenceria ao partido PSDB, não a Lívio. No entanto, a apelação foi rejeitada. Foi o TRE (Tribunal Regional Eleitoral), em decisão anunciada no fim da tarde de ontem, segunda-feira (20), que determinou que a vaga era de Lívio.
Um terceiro suplente ensaiou uma briga pelo mandato em questão. Wellington de Oliveira, delegado da Polícia Civil, ex-vereador de Campo Grande, quis a vaga por ele ter saído do PSDB, ido para o PL, mas retornado ao ninho dos tucanos. No entanto, o desejo do policial ficou na vontade, apenas, não prosperou.
Dr. Lívio já foi vereador em Campo Grande no período de 2017 a 2020. À época, ele obteve 4,5 mil votos. Já no último pleito, o agora vereador conquistou 2,7 mil sufrágios, uma notável queda em sua performance eleitoral.
“Com satisfação que retorno à essa Casa. Vamos honrar os votos que tivemos. Defendemos um novo projeto para Campo Grande e é uma satisfação estar em uma Casa que trabalha pela cidade. Vamos lutar pelos interesses do município dentro dessa função”, afirmou Doutor Lívio, assim que empossado.
Em seguida, Carlão, o chefe do legislativo municipal disse:
“Respeitamos as leis, nosso Regimento, a Lei Orgânica e a Constituição Federal. Campo Grande vai ganhar com o trabalho do vereador Lívio e vai ter um representante à altura da sociedade, que conhece as leis e foi um ótimo vereador na Legislatura passada. Quem ganha é o Legislativo e a cidade. O Dr. Lívio está aqui por merecimento nas urnas”.
A vaga assumida por Lívio não quer dizer que ele complete o mandato, que expira em dezembro que vem. No meio do caminho vence a licença de Claudinho Serra que, embora encarcerado e investigado por corrupção, ainda é o dono oficial da vaga. Ele só perde a vereança por força judicial.
Briga continua
A briga pela vaga continua na Justiça estadual. O mandado de segurança de Sandim foi distribuído ao juiz Claúdio Muller Pareja, da 2ª Vara de Fazenda Pública de Campo Grande. O presidente da Câmara Municipal pediu que o pedido seja indeferido e mantida a decisão da Justiça Eleitoral.
O magistrado vai analisar e poderá suspender novamente a posse de Dr. Lívio e determinar que outro suplente assuma. Wellington de Oliveira, o Delegado Wellington (PSDB), entrou na disputa pela vaga e também entrou na briga judicial com Dr. Lívio e Gian Sandim.
Lívio, quem é
Doutor Lívio é nascido em Fortaleza, a capital cearense, mas vive em Campo Grande desde pequeno. Aqui, formou-se médico. Casado e pai de três filhos, ocupou cargo público, além de vereador, foi diretor do Hospital Regional Rosa Pedrossian.
Claudinho, o vereador em licença médica, foi preso por integrar, segundo o MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul), por chefiar uma organização criminosa que fraudava licitações promovidas pela prefeitura de Sidrolândia. O parlamentar afastado já havia ocupado a chefia da secretaria de Fazenda do município que tem como prefeita a sogra dele, Vanda Camilo, do PP.