Preso na manhã desta sexta-feira (17) durante um mandado de busca e apreensão, em sua casa, o ex-prefeito de Anastácio (cidade distante 137 km de Campo Grande), Douglas Figueiredo (PSDB), em nota, afirmou que a ação policial que o prendeu “configura-se como uma flagrante tentativa de me desmoralizar e inviabilizar minha candidatura baseada em narrativa criada por opositores”.
Figueiredo, e dois policiais militares, um cabo e um sargento, também presos nesta manhã são investigados pelo assassinato do suplente de vereador, em Anastácio, Wander da Silva Vital, 40, o Dinho Vital, crime ocorrido nove dias atrás.
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O ex-prefeito foi detido no âmbito de uma operação do Ministério Público Estadual e da Corregedoria da Polícia Militar do MS, que investigam a morte do ex-vereador. O mandado contra Douglas Figueiredo não era para prendê-lo. Seria de busca e apreensão porque ele é um dos investigados pelo crime.
No entanto, os investigadores acharam camuflados em um dos cômodos da casa uma pistola e duas garruchas, armas que não eram registradas.
Já os mandados contra os policiais militares Valdeci Alexandre da Silva Ricardo (sargento) e o cabo Bruno César Malheiros dos Santos, tiveram as prisões decretadas pelo juiz da 1ª Vara da Justiça de Anastácio, Luciano Pedro Belatelli. Os dois policiais já confessaram ter atirado no ex-vereador.
Reportagem de O Jacaré apurou que até por volta das 15h o ex-prefeito era mantido detido. Gustavo A. S. Pellicioni, advogado que defende Douglas Figueiredo, já moveu recurso para libertá-lo.
Um policial da delegacia informou à reportagem que, por tratar-se da apreensão de uma pistola 9 mm, caberia ao juiz fixar um valor de fiança para, depois, definir sobre sua soltura, ou não.
Nota controversa
Em nota divulgada à imprensa, mesmo detido, o ex-prefeito dedicou quase todo o conteúdo do comunicado sustentando que a prisão teria um viés político. Contudo, em determinado trecho, ele cita que errou em manter as armas em casa de modo irregular.
“1. Viés Político e Injustiça: Acredito que essa operação tem um viés político evidente, motivada por minha liderança nas pesquisas eleitorais. É inaceitável que se usem métodos tão questionáveis para tentar me silenciar e impedir que eu continue na pré-campanha que dia a dia tem mais apoio”, afirmou Douglas Figueiredo.
Seguiu o comunicado: “o meu encaminhamento até a delegacia se deve por um erro relativo a armas de fogo antigas encontradas em minha residência, a qual errei em não buscar o devido registro, a qual responderei perante a lei”.
Ou seja, essa narrativa anula o argumento do ex-prefeito que, antes, escreveu que sua prisão teria sido “injusta”.
Nota-se ainda que a preocupação do ex-prefeito na divulgação da nota segue sua ambição política, apenas, que é a de disputar sua reeleição à prefeitura da cidade de Anastácio.
O crime
No dia crime, o ex-prefeito, os dois policiais e o ex-vereador que fora morto participavam da festa de confraternização acerca do aniversário de fundação do município, 59 anos.
Douglas Figueiredo e Dinho Vital teriam discutido por motivos políticos, segundo conhecidos dos dois. Houve até empurrões.
O ex-vereador saiu da festa e seguiu até o carro. Depois ele teria se encontrado com os dois policiais – Valdeci Alexandre da Silva Ricardo, o sargento e o cabo Bruno César Malheiros dos Santos. O ex-prefeito teria ido embora antes da morte do ex-vereador.
Na versão dos policiais, eles teriam dito para o ex-vereador soltar a arma que segurava com as mãos. Como resistiu, foi alvejado e morreu e ali morreu.
Mas essa versão é contestada. O ex-vereador não estaria armado e morreu com um dos tiros que o atingiram, nas costas.
Os dois policiais que agiram na ação, seriam, de fato, seguranças do ex-prefeito.
Apoio de peso
Douglas Figueiredo trabalha sua reeleição já desde a segunda metade do ano passado. Tanto que anda pela cidade de 24 mil habitante dizer ser candidato.
No meio político, era certa até antes do assassinato que o ex-governador Reinaldo Azambuja, do PSDB, iria apoiá-lo pela reeleição.