Subiu para 27 anos a condenação do piloto de avião Ilmar de Souza Chaves, o “Pixoxó”, comparsa dos narcotraficantes Fernandinho Beira-Mar e o ex-major da Polícia Militar de Mato Grosso do Sul, Sérgio Roberto de Carvalho.
Publicado no Diário Oficial da Justiça Nacional, nesta quarta-feira (15), constata a sentença de sete anos e seis meses contra o piloto por lavagem ou ocultação de bens, diretores e valores.
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Antes, em abril de 2021, Chaves tinha sido condenado a 17 anos de prisão pela Justiça Federal de Ponta Porã. A defesa dele apelou contra a sentença, contudo, em junho ano passado, o TRF (Tribunal Regional Federal) esticou a pena do piloto para 20 anos por tráfico de drogas.
Com a condenação publicada nesta quarta-feira, o comparsa dos narcotraficantes terá de cumprir 27 anos.
O caso
No dia 30 de junho de 2019, quase cinco anos atrás, a Polícia Federal apreendeu duas aeronaves que haviam aterrissado no aeroporto de Ponta Porã, cidade de MS, situada na faixa de fronteira com o Paraguai.
“Chegando ao hangar, a Polícia Federal verificou que a manutenção das aeronaves estava sendo feita com as portas fechadas e luzes apagadas. Foi identificado que ILMAR CHAVES era o piloto da primeira aeronave – PRUSS; e JOÃO BISPO era o piloto da aeronave PRAPD”, diz trecho da denúncia conduzida pela MPF (Ministério Público Federal).
Na abordagem, o piloto Ilmar disse aos policiais que tinha levado um fazendeiro de nome João, de São Paulo a uma fazenda perto dali, no município de Antônio João e, depois, retornado ao aeroporto de Ponta Porã.
O piloto nada mais soube informar sobre o passageiro que conduzia, nem sequer o telefone dele.
Logo, os investigadores notaram que a aeronave custava em torno de R$ 1 milhão e desconfiaram da versão do piloto.
Ali, os policiais apreenderam o GPS do avião, a caderneta de célula, o diário de bordo, uma pasta preta, além de dois telefones celulares carregados por Ilmar Chaves. Tais apreensões ampararam depois a apuração.
Em seguida, a PF descobriu que o avião era, de fato, do piloto Ilmar Chaves, contudo, o aparelho constava em nome de outras pessoas, como João Antônio Bispo de Jesus e Maria Aparecida Alves Nunes. Investigadores apontam Maria e João como laranjas.
O avião que transportaria um fazendeiro, no caso, era usado para o tráfico de drogas. Nos registros de voos surgiram também viagens para o Bolívia. Ainda na apuração, os policiais notaram que Ilmar Chaves não tinha ganhos lícitos para comprar, no caso, um avião avaliado em quase R$ 1 milhão.
Em sua defesa, o piloto sustentou que “todas as provas obtidas contra ele ocorreram de modo alegadamente ilícitos, sustentando que a investigação começou com a apreensão de um GPS e de seu celular, sem ordem judicial para tanto”. De nada adiantou o argumento, discordado judicialmente.
Pela denúncia do MPF, Ilmar Chaves teria que ser sentenciado por lavagem de dinheiro pela “dissimulação da propriedade da aeronave”. Isto é, os dois laranjas que seriam donos do avião não tinham renda capaz de adquirir o bem.
Pela decisão judicial, além da sentença contra Ilmar Chaves, o avião que ele usava na ação policial foi confiscado e hoje pertence à União.
Nesta condenação, se Ilmar não fosse reincidente, já condenado, no caso, ele poderia responder a pena inicialmente em regime semiaberto, conforme consta na decisão.
Os dois laranjas foram sentenciadas a quatro anos e noves meses, inicialmente, em regime em regime semiaberto.
Beira Mar e o Major Carvalho
Fernandinho Beira-Mar, segundo as denúncias, chefiava organização criminosa especializada em tráfico internacional de droga e armamentos. Encarcerado em presídio federal, as condenações contra ele já superam 300 anos de prisão.
Major Carvalho era oficial da PM de Mato Grosso do Sul. Começou traficando drogas por aqui e logo foi chefiar organizações no país e até fora do país, onde foi capturado.
Ele foi preso em Budapeste, na Hungria, dois anos atrás. No ano seguinte, em 2023, o ex-major foi transferido para a Bélgica e lá permanece até hoje.